Neymar se desdobra, usa tecnologia para se recuperar e deixa seleção confiante em retorno na Copa

Atacante tem pequenas chances de voltar nas oitavas do Mundial do Catar e é provável que reforce o Brasil nas quartas se o time de Tite avançar

1 dez 2022 - 05h10
(atualizado às 07h30)
Neymar na Copa do Mundo do Catar
Neymar na Copa do Mundo do Catar
Foto: Estadão Conteúdo/André Ricardo

ENVIADO ESPECIAL A DOHA - "Neymar volta?". "Qual o prazo?". "Como ele está?". Essas são algumas das perguntas mais feitas aos jogadores da seleção brasileira, membros da comissão técnica e outros integrantes da delegação que estão em Doha, no Catar, em busca do hexacampeonato na Copa do Mundo.

A resposta tem seguido uma mesma linha de raciocínio. O discurso dos jogadores, comissão técnica e outros membros da delegação, como o preparador de goleiros Taffarel, é não citar prazo e dizer que outros atletas do elenco podem substituí-los com competência. Ao mesmo tempo, entendem que o craque é indispensável à equipe e confiam que ele estará de volta em breve.

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"Neymar é uma referência muito grande. Ele já contribuiu bastante com a seleção e vai ter o nome dele marcado nessa Copa com certeza, porque é o protagonista e o protagonista tem que estar dentro da história", disse Taffarel.

A classificação antecipada do Brasil ao mata-mata do Mundial catariano depois dos triunfos sobre Sérvia e Suíça faz com que seleção trate o regresso de Neymar com mais tranquilidade. Todos estão ansiosos para que ele retorne, mas a pressão por isso é menor.

O retorno da maior referência técnica do craque que pode decidir um jogo "num momento mágico", como definiu Tite, é tratado com otimismo na seleção. Todos entendem que a seleção se mantém competitiva com Rodrygo, por exemplo, na vaga do camisa 10, mas também estão certos de que, para conquistar o hexa, a presença de Neymar será fundamental nessa caminhada.

"A gente não sabe quando, mas espera que o mais rápido possível para estar com a gente bem física, mental e tecnicamente", disse o zagueiro Marquinhos, companheiro de Neymar também no Paris Saint-Germain.

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Cortado da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, quando era zagueiro titular da seleção brasileira, Ricardo Gomes tem o entendimento de que Neymar e Danilo não vivem o risco de serem alijados do grupo.

"Eles voltam. Eles estão muito bem", afirmou o ex-jogador, cujo corte se deu antes do início do Mundial, durante o último amistoso de preparação. Na opinião do observador técnico do Brasil, não há comparação entre o seu caso e os atuais.

"A experiência de ter sido cortado não tem nada a ver com esses dois casos. Eles estão muito bem, vão nos ajudar com o melhor. Por isso não tive esse tipo de papo com eles, nem pensei nisso, são situações bem diferentes".

Tite admitiu recentemente que sente a falta de seu camisa 10, sobretudo porque "ele tem um poder criativo muito grande" e tem a capacidade única de inventar lances, desmontar defesas e antever jogadas. Na visão do treinador, outros atletas estão evoluindo, mas nenhum está no nível técnico de Neymar.

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No dia seguinte à vitória sobre a Sérvia, jogo em que se machucou, o atleta disse ter "a certeza" de que teria chance de voltar porque faria "o possível para ajudar meu país, meus companheiros e a mim mesmo".

TRATAMENTO INTENSIVO

Com uma lesão ligamentar no tornozelo direito, Neymar se trata em três períodos do dia e tem "dormido", segundo contaram seus companheiros, na sala de fisioterapia do hotel para estar apto a reforçar a seleção no mata-mata do Mundial. Nesta quarta, fez pela primeira vez exercícios na piscina ao lado de Alex Sandro, outro lesionado. Já são seis dias de tratamento.

Ele apareceu sorrindo, bem-humorado e aparentemente relaxado nas imagens divulgadas pela CBF. É possível ver que o inchaço no tornozelo está menor, tanto que o atleta relatou à comissão técnica estar esperançoso de jogará novamente no Catar. Só não se sabe quando.

A ideia é que atue ao menos nas quartas de final, caso o Brasil avance até lá. Danilo tem melhor prognóstico e já até começou a transição para os gramados, ainda sem treinar com bola. Por isso, é quem tem a maior probabilidade de voltar nas oitavas de final.

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Neymar aderiu à crioterapia, tratamento em que o corpo é submetido a temperaturas muito baixas, de até 180 graus negativos. Ele tem feito sessões diárias dentro da câmara de gelo, chamada de criosauna. Como promove a vasoconstrição, a aplicação do frio no local pode ajudar a reduzir a inflamação e desinchar o tornozelo do jogador.

Além das sessões na câmara gelada e de sessões convencionais de fisioterapia, Neymar também faz uso de uma moderna bota ortopédica em seu tornozelo que mistura crioterapia e compressoterapia, como mostrou o craque brasileiro em publicação em suas redes sociais.

O plano da comissão técnica, em alinhamento com o departamento médico, é recuperar o jogador por meios tradicionais, sem ter de recorrer a infiltrações. Esta é uma alternativa que será usada em último caso, a depender do nível de dificuldade do adversário do Brasil no mata-mata da Copa ou do risco de eliminação.

Se preciso for, portanto, Neymar jogará no sacrifício, com infiltrações, e aparatos que estabilizem o tornozelo e permitam que o atleta se movimente melhor, ainda que com dores. No mundo ideal, esse tipo de lesão exigiria ao menos 15 dias de recuperação. Mas como se trata de Copa do Mundo, o tempo é exíguo e a importância do torneio, imensurável.

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Tite está tranquilo com relação ao duelo diante de Camarões. Como a equipe já está classificada às oitavas, o treinador vai usar apenas reservas contra os africanos nesta sexta-feira, às 16h (de Brasília) no Estádio Lusail. Basta um empate para que a seleção avance na liderança do Grupo G.

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