Neymar usa crioterapia para acelerar recuperação e voltar à Seleção

Sessões dentro de uma cabine que pode chegar até a 180 graus negativos previnem lesões e auxiliam no tratamento dos jogadores lesionados

30 nov 2022 - 08h52
(atualizado às 10h42)
Neymar deixa jogo com tornozelo inchado
Neymar deixa jogo com tornozelo inchado
Foto: Molly Darlington / Reuters

Prejudicada por lesões na Copa do Mundo do Catar, a Seleção Brasileira tem uma aliada para acelerar a recuperação de atletas machucados e tenta prevenir que outros se lesionem. Trata-se da crioterapia, tratamento em que o corpo é submetido a temperaturas muito baixas.

Os atletas entram em uma cabine de gelo e por lá ficam de um a três minutos expostos numa temperatura que pode chegar até 180 graus negativos. O aparelho emite uma névoa de nitrogênio e estimula a cicatrização e recuperação, entre outros resultados terapêuticos, sendo mais eficiente do que a tradicional aplicação de gelo.

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Com uma lesão ligamentar no tornozelo direito, Neymar aderiu ao tratamento, segundo soube o Estadão, e tem feito sessões diárias dentro da cabine congelante, chamada de criosauna. Como promove a vasoconstrição, a aplicação do frio no local pode ajudar a reduzir a inflamação e desinchar o tornozelo do camisa 10, que tem "dormido", segundo contaram seus companheiros, na sala de fisioterapia do hotel para estar apto a voltar à seleção no mata-mata da Copa do Mundo.

Neymar tem feito tratamento intensivo em três períodos do dia e usado aparelhos tecnológicos para acelerar sua reabilitação. O astro da equipe e Danilo não enfrentaram a Suíça nem terão condições de jogar contra Camarões no encerramento da primeira fase, sexta-feira, dia 2, no Estádio Lusail, bem como Alex Sandro, que sofreu uma lesão no músculo do quadril. Tite escalará um time alternativo, composto basicamente por reservas. Neymar nem foi ao estádio com a delegação na partida diante da Suíça. Ele ficou no hotel.

Os defensores do tratamento creem que os curtos choques de temperatura controlada ativam a liberação de adrenalina dentro da circulação sanguínea, o que aumenta a frequência cardíaca, força muscular e pressão sanguínea e melhora o sistema imunológico.

"Nada mais é que uma banheira de gelo muito avançada", define o empresário Lucas Bonini Izkovitz, ao Estadão. Ele é sócio da CryoBrazil, empresa que fechou parceria com a CBF para ceder o equipamento. O contrato é vigente apenas durante o Mundial do Catar, mas existe negociação para que a entidade compre uma máquina para deixar em definitivo na Granja Comary, em Teresópolis.

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"O equipamento reduz a sensação de fadiga do músculo, além de eliminar todas as toxinas do corpo", diz Lucas, que trabalha com a tecnologia desde 2018. Ele veio ao Catar e ficou responsável pelo transporte aéreo da máquina, com orientação do departamento de logística da CBF. Também participou de um jantar com o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. No Brasil, Corinthians, Cruzeiro e Red Bull Bragantino contam com o equipamento em seus centros de treinamento.

Máquina de crioterapia usada no tratamento de Neymar
Foto: Divulgação / Estadão

Além da crioterapia e de sessões convencionais de fisioterapia, Neymar também faz uso de uma moderna bota ortopédica em seu tornozelo que mistura crioterapia e compressoterapia, como mostrou o craque brasileiro em publicação em suas redes sociais.

A ideia da comissão técnica, em conversa com o departamento médico, é recuperar o jogador por meios tradicionais, sem ter de recorrer a infiltrações. Esta é uma alternativa que será usada em último caso, a depender do nível de dificuldade do adversário do Brasil na Copa ou do risco de eliminação.

A crioterapia foi inventada pelo médico japonês Toshima Yamauchi no fim da década de 1970, mas foi popularizada no esporte depois que o astro Cristiano Ronaldo adotou o tratamento em 2013 e pagou 45 mil euros para instalar a criosauna em sua mansão em Madri quando defendia o Real Madrid.

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Quando se mudou da Itália para a Inglaterra para jogar no Manchester United - clube que não mais defende desde semana passada - o português remontou seu império e gastou mais 50 mil libras para trazer a "geladeira humana" de Turim para Manchester. Ele não abre mão desse tratamento e já publicou imagens em suas redes sociais dentro da cabine gelada.

"Agora vou entrar num negócio de gelo para tirar a dor. Crioterapia que chama, não é?", dissera Tite, em tom de brincadeira, ao encerrar a entrevista coletiva posterior à vitória sobre os suíços, citando a fadiga que tem acumulado devido à pressão com que ele lida no Mundial.

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