A 11ª Delegacia de Polícia de Santo Amaro (SP) investiga se a modelo Najila Trindade cometeu uma suposta denúncia caluniosa ou fez uma falsa comunicação de estupro contra o atacante Neymar. O inquérito foi instaurado após uma petição de Neymar e seu pai, mas corre sob sigilo de justiça. "Essa investigação também corre sob sigilo. Seria prematuro qualquer detalhe, parâmetro e responsabilizar as partes envolvidas. Vamos responsabilizar todos os envolvidos que tenham agido de má-fé. Vamos ouvir as partes envolvidas para apurar se houve denúncia caluniosa ou não", disse a delegada Monique Lima.
O diretor do Departamento Polícia Judiciária (Decap), Albano de Paula Santos, disse que "todo mundo que movimenta o estado, a polícia, por uma inverdade pode ser punido, e existe esta investigação, sim", confirmou o diretor. Procurado pelo jornal O Estado de S. Paulo, o advogado Cosme Araújo, que defende Najila, disse que aguarda ter acesso ao relatório do inquérito para se pronunciar.
Neymar e seu pai entraram com uma denúncia de crime de extorsão e denunciação caluniosa após a acusação de estupro ter vindo a público no início do mês de junho. O estafe do atacante afirma que os danos à imagem do jogador foram gigantescos. A Mastercard decidiu suspender a campanha que veicularia durante a Copa América com Neymar como o seu principal garoto propaganda.
Antes da decisão da Mastercard, outras patrocinadoras do jogador haviam manifestado preocupação com as denúncias sobre agressão e estupro realizadas contra o atacante. A Nike se disse "profundamente" preocupada com o caso.
As informações sobre a investigação em curso sobre uma suposta denúncia caluniosa de Najila Trindade foram divulgadas em entrevista coletiva concedida na manhã desta terça-feira, na sede do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), em São Paulo. O encontro foi convocado pela polícia para informar oficialmente o encerramento das investigações sobre a acusação de estupro de Najila contra Neymar e o envio do inquérito para o Ministério Público.
A delegada Juliana Lopes Bussacos, da 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, de Santo Amaro, afirmou não ter encontrado provas para indiciar Neymar na investigação. A delegada informou que não poderia oferecer detalhes da decisão, pois o inquérito corre sob segredo de justiça. As razões que levaram ao não indiciamento, por exemplo, não foram reveladas.
"Foram juntados aos atos os laudos, a ficha do atendimento médico do hospital, a ficha do atendimento do ginecologista particular, além do laudo do celular que a vítima entregou. Concluí ontem e decidi não indiciar por entender a ausência de elementos para tanto", disse a delegada.
O Ministério Público terá 15 dias para avaliar o inquérito. As promotoras do Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (Gevid) podem oferecer denúncia (acusação formal à Justiça), pedir o arquivamento do inquérito ou novas diligências. Isso significa que o órgão pode pedir indiciamento mesmo que a polícia não o tenha feito. "Minha decisão não obsta o prosseguimento da ação", disse a delegada. As conclusões do MP e da Polícia Civil vão embasar a decisão final da juíza da Vara da Região Sul 2 de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.