Em outubro de 1972, alguns estudantes da Universidade de Stanford entraram para a história ao realizar a Olimpíada Intergaláctica de Spacewar, que é considerada até hoje como a primeira competição de videogame da história. O que eles não imaginavam é que 50 anos depois o pequeno evento universitário abriria portas para uma indústria milionária, que não para de crescer e de gerar novas alternativas de empregos.
Em 2021, o setor movimentou mais de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 6 bilhões) e, de acordo com o relatório divulgado pela Newzoo, principal consultoria de games e eSports do mundo, até 2024 esses valores chegam a US$ 1,617 bilhão de receita, aproximadamente mais de R$ 9 bilhões.
Com esse crescimento, o interesse dos jovens de ingressar no mercado aumenta cada vez mais, porém, devido a falta de conhecimento, muitos acreditam que apenas a função de jogador profissional é uma possibilidade de carreira nos esportes eletrônicos. Por trás de cada jogo disputado existe uma enorme infraestrutura composta por muitas pessoas que trabalham para que as competições aconteçam no maior nível de profissionalismo possível.
A maioria das organizações de eSports conta com profissionais da área administrativa como CEO, diretor e gerente, além de responsáveis por marketing, comunicação, jurídico, entre outros. Eles são os encarregados por todos os trâmites burocráticos que fazem parte do dia a dia de uma equipe, como contratos de atletas e parceiros comerciais, agendas dos jogadores, organizar viagens, questões internas das Gaming Houses (local em que o time mora e treina) e outras funções.
Na área da saúde, psicólogos, nutricionistas, preparadores físicos e fisioterapeutas têm papel vital para o melhor desempenho dos pro players. Visando a performance dentro do jogo, treinadores e analistas são peças fundamentais para extrair dos atletas o melhor de suas habilidades e convertê-las em vitórias e títulos. Além disso, existem funções específicas da área, como o cargo de "spec" - profissional responsável por decidir as cenas transmitidas ao vivo durante uma partida de esporte eletrônico.
A organização dos campeonatos também exige dedicação de muitos profissionais em diversas funções vitais para o melhor andamento das competições em todos os seus aspectos. Os narradores e comentaristas dão voz e animação às partidas, analistas passam para o grande público aspectos do jogo que apenas ele como especialista conseguiu enxergar. E assim como em outras modalidades, o juiz é o responsável por garantir que as equipes sigam as regras a cada partida disputada.
"Para manter um cenário competitivo de alto nível como o nosso é preciso contar com profissionais extremamente competentes que vão cumprir a sua função com maestria e ajudam que os campeonatos continuem tendo esse padrão de alta qualidade. Se o torneio é bem organizado, tem um bom staff por trás e oferece todas as ferramentas para o melhor desempenho dos atletas, o cenário se fortalece. Tendo um torneio forte e com uma transmissão atrativa, o público abraça a ideia. E com o engajamento do público, o faturamento é natural. No fim, todos os fatores se complementam", afirma João Guerra, gerente de eventos e comunicação da Ubisoft.
De acordo com Leonardo Casartelli, diretor-geral do portal Empregos.com.br, essa diversificação de oportunidades no mercado dos esportes eletrônicos é um fator atrativo aos jovens que desejam ingressar nesse universo. "Os eSports são uma das atividades que mais crescem no mundo e isso abre oportunidades em um mercado de trabalho totalmente inovador. É uma porta de entrada para quem gosta do universo dos games e quer atuar fora das telas, se aplicando às diversas áreas da indústria dos esportes eletrônicos. Atletas, streamers, narradores, organizadores, especialistas em dados, marketing e etc, as possibilidades de carreira são quase infinitas. A expectativa é que, somado às diversas áreas de tecnologia, mais de 670 mil postos de trabalho sejam criados até 2025, segundo a Brasscom", avalia o executivo.