O técnico da Dinamarca, Kasper Hjulmand, revelou em entrevista coletiva nesta terça-feira, 22, que a seleção cogita realizar protestos depois que a Fifa ameçar com punição os jogadores da Copa do Mundo de usarem uma braçadeira da campanha 'One Love', em apoio à comunidade LGBT+.
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Hjulmand conversou com a imprensa após o empate dos dinamarqueses com a Tunísia em 0 a 0, pelo Grupo D do Mundial, mas isentou seus jogadores de responsabilidade.
"É uma situação extremamente difícil porque seria algo que defendemos. Os jogadores defendem, eu defendo. Talvez haja outras possibilidades, vamos esperar para ver. Defender a diversidade não pode e não deve ser uma declaração política", comentou.
"Fiquei muito emocionado com a seleção iraniana ontem (segunda-feira). Acho que algo ainda pode acontecer", disse o treinador ao se referir à decisão da seleção iraniana de permanecer em silêncio durante a execução do hino nacional.
O país do Oriente Médio enfrenta vários protestos devido à morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, em 16 de setembro, enquanto estava sob custódia policial. Ela foi presa pela Patrulha de Orientação, uma polícia da moralidade, por não usar um hijab corretamente.
Na última segunda-feira, sete seleções europeias recuaram sobre o uso das braçadeiras em apoio à comunidade LGBT+, nas cores do arco-íris. A decisão foi tomada após a Fifa ameaçar punir os capitães com cartão amarelo.
O comunicado, assinado por Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Holanda, Inglaterra, País de Gales e Suíça., mostra indignação com a decisão imposta pela entidade como forma de punição e deixa claro que serão usados outros métodos em tentativas de defender a causa.
"A Fifa tem deixado muito claro que imporá sanções esportivas se nossos capitães usarem as braçadeiras no campo de jogo. Como federações nacionais, não podemos colocar nossos jogadores em uma posição em que possam enfrentar sanções esportivas, incluindo cartões amarelos, por isso pedimos aos capitães que não tentem usar as braçadeiras nos jogos da Copa do Mundo", afirmaram as seleções, em comunicado.
As federações já haviam declarado que assumiriam as eventuais multas aplicadas pela Fifa. No entanto, a situação mudou quando a entidade passou a ameaçar punições esportivas, dentro de campo.
"Você acha que eu deveria entrar na partida com um cartão amarelo e arriscar receber um cartão vermelho depois de cinco minutos - em uma Copa do Mundo?", perguntou o capitão da Dinamarca, Simon Kjaer, a um jornalista após o jogo.
Ex-primeira-ministra do pais demonstra apoio
A ex-primeira-ministra da Dinamarca Helle Thorning-Schmidt, que atua como presidente do Comitê de Governança e Desenvolvimento da Associação Dinamarquesa de Futebol, marcou presença no jogo da seleção de seu país com uma roupa que pode ser mal vista por autoridades do Catar.
Fotos da agência Reuters mostram Helle com um look azul decorado, na região das mangas, com as cores do arco-íris, que representam a comunidade LGBT. O símbolo foi proibido no torneio, já que o país pune com prisão os homossexuais.
Dinamarca só empata na estreia
A Dinamarca era considerada a favorita no confronto com a Tunísia, mas ficou apenas no empate em 0 a 0, em uma partida sem grandes emoções pelo Grupo da Copa. Questionado sobre o resultado, o treinador dinamarquês criticou o desempenho da equipe e se mostrou insatisfeito com o 0 a 0.
"Fomos nervosos e jogamos de forma muito lenta. Se a gente tivesse marcado um gol no fim do jogo, falariam que estava tudo bem. Mas não estivemos satisfeitos com boa parte do primeiro tempo".
Na próxima rodada pelo Grupo D, a Tunísia enfrenta a Austrália, no sábado, às 7h, enquanto a Dinamarca tem a França pela frente, às 10h do mesmo dia.