“Quero fazer gols e ser campeão”. Essa foi uma das frases ditas por Gabigol em sua chegada ao Flamengo em janeiro de 2019. O discurso podia até parecer clichê de apresentação de jogador, mas o atacante fez questão de levar ao pé da letra para se tornar um dos maiores ídolos do clube da Gávea.
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Ao longo dos últimos quase seis anos, o craque vestiu as camisas 9, 10, 99 e até de outro time em situação polêmica, mas nunca deixou de fazer o que sabe: balançar a rede. Em 305 jogos disputados, ele marcou 166 gols, além de ter dado 44 assistências.
Gols esses que levaram Gabi à sexta colocação do ranking histórico de artilheiros do Flamengo e contribuíram para os 13 troféus erguidos no período: Libertadores (2 vezes), Brasileirão (2 vezes), Recopa Sul-Americana, Copa do Brasil (2 vezes), Supercopa do Brasil (2 vezes) e Campeonato Carioca (4 vezes).
Agora, a torcida do Flamengo vive as últimas horas antes da despedida do ídolo e tenta manter na memória os gols acima das polêmicas, essas que também contribuíram para a consolidação de Gabigol. Relembre a passagem do atacante pela Gávea.
Gols e decisões
Dos 166 gols de Gabigol pelo Flamengo, 16 foram marcados em 12 finais de campeonato com a camisa rubro-negra. A primeira e mais marcante decisão em que o artilheiro balançou a rede foi a da Libertadores de 2019.
Na ocasião, o time carioca perdia a partida até os 44 minutos da segunda etapa, quando a estrela do craque entrou em ação. Primeiro, ele recebeu passe de Giorgian De Arrascaeta e, sem goleiro, empurrou para o fundo da rede.
O resultado levava a partida para a prorrogação, o que parecia bom para quem já tinha a derrota como certa, mas não para Gabigol. Pouco depois, aos 47, o então camisa 9 invadiu a área, aproveitou falha de Javier Pinola e virou a partida para entrar na história do Flamengo. Antes do apito final, o ídolo ainda teve tempo de ser expulso.
No ano seguinte, em 2020, Gabi marcou nas vitórias sobre Athletico-PR e Independiente Del Valle, do Equador, que garantiram os títulos da Supercopa do Brasil e Recopa Sul-Americana.
Em 2021, o atacante marcou três vezes nas finais do Carioca contra o Fluminense, uma na Supercopa contra o Palmeiras e outra na decisão da Libertadores, também contra o Verdão. Apenas no torneio continental o Flamengo saiu sem o título.
O faro de gol nas finais seguiu para 2022. Gabi balançou a rede na Supercopa contra o Atlético-MG, do Carioca contra o Fluminense e da Libertadores contra o Athletico. Desta vez, porém, o título só veio contra o Furacão.
Em 2023, nenhum gol de Gabigol levou o Flamengo ao título. Ele balançou a rede duas vezes na Supercopa, mas o Palmeiras levou a melhor e ficou com o troféu na ‘revanche’ de 2021.
Por fim, 2024 marcou o ano em que o ídolo mais foi criticado pela torcida flamenguista. Apesar disso, ele marcou duas vezes na final da Copa do Brasil contra o Atlético-MG, garantindo o título ao time do recém-chegado técnico Filipe Luís.
Além dos gols em finais, Gabigol foi fundamental para as campanhas de pontos corridos que levaram o Flamengo aos troféus do Brasileirão de 2019 e 2020.
Provocações
Se Gabigol hoje é considerado um dos maiores ídolos da história do Flamengo, não é apenas pelos gols. Apesar de, às vezes, afastá-lo da torcida, a personalidade do jogador o tornou querido em vários momentos.
Talvez a mais famosa dessas provocações seja contra o Atlético-MG, nas oitavas de final da Copa do Brasil de 2022. Após derrota por 2 a 1 para o Galo, no Mineirão, Gabi, ainda na saída do gramado, afirmou que os atleticanos conheceriam o “inferno” quando fossem ao Maracanã para o jogo de volta.
A provocação esquentou a torcida do Flamengo, que lotou o estádio e empurrou a equipe à classificação às quartas com vitória por 2 a 0. A campanha terminou com o título do Rubro-Negro sobre o Corinthians.
Outra ‘zoada’ do atacante que ganhou destaque foi direcionada a Thiago Galhardo, na época do Internacional. Após o título do Brasileirão de 2020, disputado até a última rodada contra o Colorado, ele chamou o atacante de ‘moleque’ e mandou o adversário ‘cheirar’ a medalha de campeão, por meio de uma transmissão ao vivo em uma rede social.
Ao longo dos cinco anos, não faltaram adversários contra quem Gabigol mostrou patchs de campeões do Flamengo e sua tatuagem do troféu da Libertadores. Nem mesmo o Santos, clube que o revelou, escapou.
Polêmicas
Como não pode faltar para alguém de personalidade tão forte, Gabigol teve tempo para se envolver em polêmicas durante a passagem pela Gávea. Duas das maiores aconteceram neste ano.
Em março, o atacante chegou a ter pena de dois anos de suspensão anunciada acusado de tentativa de fraudar um exame de controle de doping, no Centro de Treinamento do Flamengo, no Ninho do Urubu, no Rio, em 8 de abril de 2023, um dia antes do clássico com o Fluminense, pelo Campeonato Carioca.
A acusação aponta que o atacante do Flamengo tentou esconder a genitália no momento de urinar na vasilha, o que configura fraude. O teste do jogador deu negativo para doping, mas as autoridades relataram que o atleta ignorou a presença dos oficiais da ABCD, além de ter sido desrespeitoso.
No fim de abril, porém, ele conseguiu efeito suspensivo e voltou a vestir a camisa do Flamengo.
Pouco depois da polêmica quanto ao exame antidoping, Gabigol voltou às manchetes após ser fotografado vestindo a camisa do Corinthians. Na época, existiam rumores de uma possível ida do craque ao Timão.
A atitude repercutiu negativamente dentro do Flamengo, e o atacante foi punido com uma multa de 10% do seu salário e com a perda do número 10 do Fla. Desde então, ele passou a vestir a 99.
Vida fora dos gramados
Ao melhor estilo popstar, Gabigol investiu na carreira de trapper ao mesmo tempo em que balançava as redes pelo Flamengo.
Com a alcunha de Lil Gabi, ele lançou as músicas Sei lá, O que você quer de mim e Mais uma estrela. A última conta sua trajetória no Flamengo.
Além dos lançamentos, Gabigol diversas vezes foi visto em shows de amigos do mundo da música.