Gabigol é explosivo quando faz seus gols e também em situações nas quais se sente contrariado. Ao longo de sua passagem pelo Flamengo, pôde-se comprovar isso, por exemplo, nos embates que teve com Rogério Ceni, então treinador do time. Fechava a cara na hora em que era substituído e não dissimulava. Esse seu jeito, às vezes, eleva a temperatura no clube e pode ter consequências.
Foi o que se viu nesse domingo, na parte final do clássico disputado no Maracanã, no momento em que o Flamengo já vencia o Fluminense por 2 a 1. Nervoso e agitado na área restrita aos técnicos, Paulo Sousa reclamou com veemência de uma suposta falha de Gabigol na marcação. Foram expressões tensas, o português berrou em português claro palavras que o atacante não gostaria de ouvir.
Reativo, Gabigol devolveu os protestos com mais força ainda e o bate-boca se alongou por alguns segundos. Pelos gestos de ambos, ficou evidente que o limite do respeito profissional acabou em segundo plano na discussão.
Prontamente, o treinador chamou Lázaro para tirar Gabigol do jogo. À saída, o titular, como bom driblador, preferiu dar vazão aos aplausos da torcida pela ótima atuação, coroada com o gol da virada, e se deliciou com a resposta das arquibancadas (ou cadeiras). Não acusou o golpe de ter sido substituído instantes após o desentendimento.
Há historicamente no futebol brasileiro uma máxima que ninguém ousa desmentir: jogador, quando quer, derruba o técnico. Longe de pensar que o artilheiro estaria tramando isso. Mas não custa nada, para Paulo Sousa, saber que essa realidade no País se repete com muita frequência.