A investigação de que Bruno Henrique, atacante do Flamengo, estaria envolvido em manipulação de resultados de jogos teria começado com um alerta feito por três casas de apostas. Ele é suspeito de forçar um cartão amarelo em uma partida contra o Santos pelo Campeonato Brasileiro, em 1º de novembro do ano passado. Na manhã desta terça-feira, 5, o atleta foi alvo de uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público.
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A investigação começou a partir de comunicação feita pela Unidade de Integridade da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). De acordo com relatórios da International Betting Integrity Association (IBIA) e Sportradar, que fazem análise de risco, haveria suspeitas de manipulação do mercado de cartões na partida do Campeonato Brasileiro.
Segundo informações da TV Globo, a Betano, GaleraBet e KTO foram as empresas que emitiram o aviso, pois notaram movimentações incomuns e altos valores em apostas que previam que Bruno levaria uma cartão vermelho na partida contra o Peixe, pela 31ª rodada do Brasileirão de 2023.
O relatório aponta que a Betano notou “apostas claramente direcionadas”, que vieram de clientes novos e também que já estavam estabelecidos, “fora dos padrões normais para Bruno Henrique receber um cartão". As contas estão baseadas em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, cidade natal do atacante.
Já a KTO notou três novas contas fazendo as duas primeiras apostas no cartão que o jogador tomaria na partida, no segundo turno do campeonato. A GaleraBet notificou que quatro contas registradas no Brasil, todas em um período de 24 horas antes do embate entre Santos e Flamengo, apostando que Bruno Henrique seria punido com um cartão.
O volume das apostas do mercado de cartões foram de 98% direcionadas ao atacante na Betano, e 95% na GaleraBet. A KTO não detalhou, só afirmou que a porcentagem foi alta.
Segundo o relatório da IBIA diz que “a extensão das apostas indicou forte confiança na ocorrência do resultado". O documento também diz que as essas apostas eram de 3,10, o que significa que a cada R$ 1 apostado, o usuário da plataforma receberia R$ 3,10 caso o resultado acontecesse.
Bruno Henrique levou cinco cartões em 22 jogos no Brasileirão, até a partida que gerou a investigação. “Baseado neste histórico, as apostas não podem ser classificadas como generosas, e a atividade das apostas não pode ser explicadas por meio de "odds" incorretas", aponta a IBIA.
"Bruno Henrique Pinto recebeu um cartão aos 90 (+5) minutos de jogo, tornando bem-sucedida a atividade de aposta suspeita”, conclui.
No mês em questão, Bruno Henrique recebeu cartões em dois jogos. Em 1º de novembro, ele levou amarelo aos 50 minutos do segundo tempo por falta em Soteldo, na época no Santos. Em seguida, reclamou com o árbitro Rafael Rodrigo Klein, levou o segundo amarelo, seguido de um vermelho. Ainda em novembro de 2023, no dia 26, ele recebeu amarelo por uma falta aos 49 do segundo tempo, contra o América-MG. A PF não informou qual das duas partidas está sob investigação. Porém, segundo a TV Globo, é o primeiro duelo na mira da operação.
Flamengo se posiciona
Após o caso vir a tona, o Flamengo se posicionou nas redes sociais e afirmou que ainda não teve acesso ao inquérito, que está em segredo de Justiça. "Mas é importante registrar que, ao mesmo tempo em que apoiará as autoridades, dará total suporte ao atleta Bruno Henrique, que desfruta da nossa confiança e, como qualquer pessoa, goza de presunção de inocência".
O clube declara ainda que houve uma investigação no âmbito desportivo, perante o Superior Tribunal de Justiça Desportiva, que já foi arquivada, "mas não tem como afirmar que se trata do mesmo caso e aguardará o desenrolar da investigação". O Flamengo também destaca que o atacante segue com suas atividades profissionais normalmente, e viaja nesta terça para Belo Horizonte com a delegação.
Operação
Intitulada Spot-fixing, a operação da Polícia Federal e do Ministério Público deflagrada na manhã desta terça-feira, para apurar uma possível manipulação do chamado "mercado de cartões" em partidas de futebol.
Equipes da PF foram até a casa do jogador, na Barra da Tijuca, no Ninho do Urubu, CT do Flamengo, e na Gávea, sede social do clube. Bruno Henrique estava em sua residência e teve computador e celular apreendidos.
Além da operação no Rio de Janeiro, a PF cumpre mandados de busca e apreensão também em outros endereços em Minas Gerais: na capital Belo Horizonte, e nas cidades de Vespasiano, Lagoa Santa e Ribeirão das Neves.
Cerca de 50 agentes da PF e mais seis integrantes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Distrito Federal (Gaeco/DF) participaram da operação na manhã desta terça-feira, 5. Segundo a PF, dados obtidos junto às casas de apostas, por intermédio dos representantes legais indicados pela Secretaria de Prêmios de Apostas do Ministério da Fazenda (SPA/MF), apontaram que as apostas teriam sido efetuadas por parentes do jogador e por outro grupo ainda sob apuração.
O jogo investigado é uma partida ocorrida em novembro de 2023, pelo Brasileirão. O nome é relacionado à prática de atividade ilegal em uma partida, mas que não se relaciona com o resultado.
O Terra busca contato com Bruno Henrique. A reportagem será atualizada em caso de manifestação.