Análise: Ou Ceni muda ou sua carreira estará ameaçada

Técnico sabe muito bem de seu ofício, mas tem dificuldades de relacionamento

17 mar 2023 - 14h40

Goleiro brilhante, dono de marcos históricos no futebol, Rogério Ceni tenta já faz alguns anos se firmar como grande treinador do Brasil. Tem até um título do Brasileiro com o Flamengo em 2020. Mas seu maior adversário para alçar voos mais altos é ele mesmo. Recentes tretas no São Paulo com Patrick, Galloppo e Marcos Paulo, que ressoaram para o restante do elenco, mostram o quanto Ceni precisa rever algumas estratégias de grupo.

Em passagens anteriores por Fortaleza, Flamengo e Cruzeiro, o cenário foi praticamente o mesmo. Ceni até teve bons resultados nos times cearense e carioca, mas se envolveu em situações embaraçosas, ora com os jogadores ora com demais profissionais e dirigentes dos clubes. No Cruzeiro, então, a situação foi mais escancarada e o racha se deu rapidamente.

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Rogério Ceni em crise de relacionamento com jogadores do São Paulo
Rogério Ceni em crise de relacionamento com jogadores do São Paulo
Foto: Robson Mafra/Agif/Gazeta Press

Seu jeito de lidar com os atletas é imprevisível e não ser solidário a eles, nos momentos mais vulneráveis, é um passo para a ruptura – já fez isso algumas vezes. Assim como dar uma reprimenda pública como a que atingiu Marcos Paulo em razão de uma postagem do meia numa rede social. A atitude de Ceni pareceu desproporcional, a ponto de alguns jogadores terem ido à diretoria para reclamar contra ele.

Ceni é um patrimônio do futebol brasileiro. Não pode deixar isso em segundo plano. Seu reconhecimento internacional pode ser exemplificado pelo que se passou no Mundial de 2002, na Coreia do Sul e Japão. Na oportunidade, ele era o terceiro goleiro da Seleção e, na área destinada às entrevistas, em que os atletas passavam e eram abordados por jornalistas do mundo todo, Ceni era um dos mais procurados pela imprensa.

Dava respostas objetivas para dezenas de repórteres, enquanto até mesmo titulares daquela Seleção que viria a ser campeã dias depois não recebiam a mesma atenção. Esse é apenas um dado de seu currículo multivencedor como jogador. Só que ele não conseguiu ainda virar a chave desde que foi para o outro lado do balcão. É estudioso, observador, atento às mudanças do futebol em campo, mas o que pesa mesmo é a falta de empatia com seus comandados e os que compõem o seu entorno, o que põe em risco o seu futuro como técnico.

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