Após ser o epicentro do novo coronavírus, a China vive agora uma fase mais tranquila nos cuidados com a doença, algo que já se reflete até mesmo no futebol. O atacante Ricardo Goulart, do Guanghzou Evergrande, contou ao Estado o quanto a situação de enfrentamento da pandemia está mais tranquila no país asiático. Inclusive até mesmo o próprio time dele voltou aos treinos e já aguarda uma definição sobre o início do campeonato.
Em entrevista exclusiva, o jogador contou estar plenamente recuperado da lesão no joelho direito sofrida pelo Palmeiras no ano passado e comentou sobre a expectativa de defender a seleção asiática. Agora naturalizado chinês, Ricardo Goulart deve adotar um novo nome, a exemplo do brasileiro Elkeson, que agora se chama Ai Kesen. Como a China não aceita dupla nacionalidade, ele agora terá de entrar no Brasil com o visto de estrangeiro e não mais como cidadão local.
Como está a vida na China atualmente?
Eu cheguei há pouco tempo aqui. E quando cheguei já fiquei 14 dias em quarentena em um hotel, então estou ainda me acostumando de novo com a vida aqui, vendo as coisas como estão. Não dá pra dizer que a vida já voltou ao normal aqui. Em nenhum lugar do mundo voltou… Mas acho que aos poucos está voltando.
Assim como muitos estrangeiros, você teve de cumprir uma quarentena em hotel durante alguns dias. Como foi a sua rotina?
Foi difícil ficar 14 dias sozinho, dentro de um quarto de hotel. Não é fácil. Eu treinei bastante, fiz minha rotina de exercícios que já estava fazendo no Brasil, só que em um menor espaço. Vi muita série e filmes também, é o que tinha para fazer.
A volta do time aos treinos tem sido com algo diferente no trabalho, como grupos pequenos e atividades individuais?
Não, não. Tudo normal. Estamos treinando normalmente, grupo todo que pôde estar aqui. Só os chineses por enquanto. Alguns estrangeiros ainda não retornaram.
Agora que você está naturalizado chinês, passará a ter um novo nome?
Por enquanto, não me passaram nada (risos). Eu sigo como Ricardo.
O quanto a possibilidade de jogar pela seleção da China contribuiu para você se tornar cidadão do país?
Bastante, né? Sempre quis muito jogar pela seleção, ter a chance de disputar campeonatos importantes, quem sabe até uma Copa do Mundo. E a China me propôs realizar esse sonho de jogar pela seleção. Então eu estou bem ansioso. Tudo isso da pandemia atrasou um pouco, mas tenho certeza que em breve vai acontecer.
Por ter agora se tornado chinês, o quanto isso interfere para você nas vindas ao Brasil e na rotina em nosso país?
Quem resolveu muito essa questão burocrática foram os advogados. Deixei na mão dos meus empresários, de pessoas de confiança. Acho que não muda muita coisa na questão das vindas ao Brasil, não. Minha vida será mais na China, claro. Mas creio que mude pouco.
Você teve um período complicado de lesão no ano passado. Quanto tempo demorou todo o processo para você se recuperar?
A recuperação não foi tão demorada, não. O que pegou foi a questão da inscrição aqui no Guanghzou. Eu me recuperei já no ano passado e poderia ter jogado já se fosse só pela questão física, mas aí a equipe já tinha todos os jogadores inscritos na competição, que estava no seu final. Aí eu esperei para retornar com todo grupo esse ano, e aí aconteceu isso tudo do coronavírus.