Ronaldo Fenômeno comprou o Cruzeiro, num investimento de R$ 400 milhões. No gigante mineiro, despontou profissionalmente nos anos 90. Antes, porém, ele esteve no São Cristóvão. Foi lá, na verdade, que tudo começou. Berço do craque, o tradicional clube carioca vive à míngua. Meses atrás, tentou em vão saldar dívidas trabalhistas que somavam R$ 400 mil.
Campeão carioca em 1926, o São Cristóvão pediu licença à Federação de Futebol do Rio para não disputar a Quinta Divisão Estadual de 2021. Em 2022, voltará à competição. São muitos problemas administrativos e financeiros.
Embora seus poucos torcedores se orgulhem do nome do estádio, Ronaldo Nazário, uma deferência ao craque que ganhou o Mundial de 2002 no Japão, vários deles lamentam que o “messias” não dê uma forcinha para que o clube volte a ter destaque.
Sem recursos, o São Cristóvão fez uma “vaquinha” (crowdfunding) em 2021 para tentar juntar R$ 150 mil e promover reformas em seu estádio, o que possibilitaria que voltasse a ser usado em jogos oficiais dos profissionais com presença de público – faz 12 anos que isso não ocorre.
Então diretor de Marketing do São Cristóvão, Thiago Vancelotte idealizou e coordenou a campanha no início do ano. Depois de divulgação em redes sociais, conseguiu arrecadar R$ 50 mil e a promessa de outros 50 mil de cinco empresários do bairro.
Diante da mobilização local, uma outra empresa se dispôs a fazer as intervenções, que incluem, entre outras coisas, a instalação de bomba e uma nova caixa d’água, por um valor mais em conta: R$ 120 mil. Tudo com muita dificuldade.
Numa das oportunidades em que pedia a colaboração ao projeto, Vancelotte acolheu em seu perfil no Facebook o comentário de um torcedor do clube, contrariado com a ausência de Ronaldo Fenômeno na lista dos que fizeram doações.
“A campanha foi bem legal, mas o que seria 150 mil reais para o Ronaldo? Se ele não olhasse só para o próprio bolso, poderia investir e trazer o time de tradição que é o São Cristóvão de volta às competições”, disse Luiz Mendonça.