Na manhã deste sábado, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, concedeu a primeira entrevista coletiva após a reeleição ao cargo durante o Congresso da entidade em Zurique, na Suíça. O suíço afirmou que as investigações do FBI que levaram à prisão de alguns parceiros da associação, dentre eles o vice-presidente da CBF José Maria Marin, na manhã da última quarta-feira, foram uma maneira de tentar interferir no Congresso e em sua reeleição.
"Ninguém venha me dizer que o fato de esse ataque norte-americano ter acontecido dois dias antes das eleições da Fifa foi uma coincidência. Isso não me cheira bem, pois toca tanto a mim quanto à Fifa", bradou o presidente, que vê certa "mágoa" dos Estados Unidos com ele, já que o país se candidatou a sediar o Mundial de 2022 e acabou sendo derrotado pelo Catar.
"Não que eles somente quisessem denegrir minha imagem, mas porque eles escolheram um momento certo. E aí eles pensaram, ‘vamos boicotar o Congresso’. Porém, onde estamos? Onde está o espírito desportivo? Existem sinais que não podem ser ignorados. Os americanos foram candidatos à Copa de 2022 e perderam", acusou.
As prisões realizadas em solo suíço também irritaram Blatter. "Se eles têm algum crime financeiro que diz respeito aos cidadãos norte-americanos, então eles devem prender pessoas lá, e não em Zurique, onde estamos tendo um congresso", declarou.
Além dos norte-americanos, a Uefa é outra opositora assumida a Blatter, e o presidente da entidade, Michel Platini, deixou claro o apoio à candidatura de Ali Bin Al Hussei, príncipe jordaniano que disputou as eleições com o suíço. O mandatário reeleito acusou os europeus de "ódio" contra ele, e denunciou uma possível campanha da imprensa para desestabilizá-lo.
"Os jornalistas fizeram um acordo: Blatter fora. É um ódio de não somente uma pessoa, mas de uma entidade, a Uefa, que não aceita o fato de eu ser presidente desde 1998. Eu perdôo a todos, mas não me esqueço", concluiu o presidente.
Ao todo, catorze pessoas foram indiciadas pelo FBI acusadas de fazerem parte de um esquema criminoso que teria movimentado cerca de US$ 150 milhões (aproximadamente R$ 476 milhões) em suborno envolvendo empresas de marketing esportivo e direitos de transmissão durante 24 anos. Além de José Maria Marin, dentre os indiciados estão Jeffrey Webb, presidente da Concacaf, Eugenio Figueiredo, homem forte da Conmebol, e Nicolás Leoz, que presidiu a entidade sul-americana durante 27 anos.