Contra Liga, CBF cede e dá poder a clubes brasileiros

Clubes comandarão torneios como Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil a partir de 2017

8 jun 2015 - 20h57
(atualizado em 9/6/2015 às 08h44)

Em uma jogada muito bem articulada nos últimos dias, a CBF decidiu dar autonomia aos clubes no Conselho Técnico da entidade como forma de esfriar a possível criação de uma liga autônoma dos clubes. A mudança vai ser concretizada nesta quinta-feira, em assembleia geral extraordinária, com presidentes de federações estaduais, mas só poderá ser efetivada provavelmente em 2017, para atender exigência do Estatuto do Torcedor. A partir de então, os clubes vão poder organizar as competições nacionais, como o Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil.

Vão ser os clubes que vão definir sistema de disputa, tabela, fórmula, calendário das competições, regulamento e até horário da transmissão das partidas. Este foi o ponto mais importante aprovado em reunião de cinco horas na tarde desta segunda entre dirigentes da CBF e clubes da Série A do Brasileiro, na sede da confederação. Corinthians e Internacional foram os únicos que não enviaram representantes ao encontro.

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CBF permitirá a clubes controle de regulamento e até horários de jogos nacionais
CBF permitirá a clubes controle de regulamento e até horários de jogos nacionais
Foto: Ricardo Moraes / Reuters

Na prática, o fortalecimento dos clubes e a possibilidade real de se organizarem são aspectos que viabilizariam o funcionamento de uma liga informal, mas ainda atrelada à CBF, pois o Conselho Técnico é um órgão da entidade com subdivisões para cada competição. Há, por exemplo, o Conselho Técnico da Série A, hoje formado por dez clubes. Com a reforma do estatuto, os 20 clubes da Primeira Divisão devem integrá-lo.

"Foi a maior conquista dos últimos anos", disse o presidente do Vasco, Eurico Miranda. Outro que se manifestou favorável as alterações foi o presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar.  "O poder de veto que a CBF tem no Conselho Técnico vai cair. Os clubes passam a ter o comando total dos campeonatos, fora do telhado da CBF. Isso já seria o embrião da criação de uma liga", declarou Aidar.

De acordo com Eurico,  a discussão sobre cota de TV vai ser posta na mesa de discussões a partir do agrupamento de clubes no Conselho Técnico.  "Isso vem na sequência". Pouco depois, o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira, foi enfático ao dizer que cota de TV não é assunto de comissão. "Essa questão é inegociável", cravou. 

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Clubes tremeram

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A vitória comemorada parcialmente pelos clubes contrasta com a "tremedeira" da metade deles sobre a Liga, que estava bem adiantada. A CBF descobriu a reunião que aconteceria nesta tarde, às 14h, e marcou um encontro obrigatório entre os cartolas no mesmo horário - que resultou nas mudanças descritas acima. O presidente Mario Celso Petraglia, Atlético-PR, propôs a Liga nesta tarde e foi um dos que manteve a postura anterior.

Apesar de assumir o controle das competições nacionais, o projeto da Liga era ambicioso. Exemplo na divisão de cotas de televisão, a Premier League, da Inglaterra, era o o modelo a ser seguido e tinha a aprovação dos times interessados para "igualar" os valores, deixando o Brasil mais democrático, sem a alta disparidade econômica vista nos dias atuais. Entretanto, como todos os clubes têm dinheiro adiantado nessa questão, alguns dirigentes começaram a recuar na ideia.

CBF e Globo pressionaram bastante na reunião e times que apoiavam a criação de um torneio independente simplesmente ficaram quietos em momentos determinantes. Um deles foi o Flamengo, que costurava e apoiava essa revolução com Fluminense, Atlético-PR, Coritiba e Cruzeiro.

Racha

A MP do futebol, que está em discussão, é o motivo de um racha entre os cartolas: antigos contra os modernos. Em determinado momento da reunião, o clima esquentou e muito entre os clubes quando o assunto foi tocado.

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Eurico Miranda, do Vasco, é quem lidera os dirigentes da "velha escolha", formada entre os anos 80 e 90. O mandatário vascaíno queria que todos relutassem no apoio à Medida Provisória apoiada por jornalistas, Bom Senso, entre outros. Por outro lado, clubes que apoiam a Liga, aqui incluindo o Flamengo, não gostaram da ideia e criticaram a posição, argumentando que o futebol brasileiro precisa evoluir e ser administrado com responsabilidade, tendo metas a cumprir.

Fonte: Especial para Terra
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