A criação de uma liga de futebol está na pauta de pelo menos doze clubes das Séries A e B do Brasileiro. Eles se reuniram no Rio de Janeiro na noite de segunda-feira, com a presença do zagueiro Paulo André representando o Bom Senso, a fim de dar sequência à discussão sobre um modo de se organizar em bloco. Vários deles haviam mantido horas antes encontro com o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, na sede da entidade.
Flamengo, Fluminense, São Paulo, Corinthians, Santos, Ponte Preta, Sport, Atlético-PR, Coritiba e Joinville, pela Série A, participaram da reunião. Os dois clubes cariocas e o São Paulo estão à frente do movimento. Alguns dirigentes, como Peter Siemsen, do Flu, e Mario Celso Petraglia, do Atlético-PR, se recusaram a falar com a imprensa. Outros saíram rapidamente do Hotel Windsor, na Barra da Tijuca, por causa do receio de perder o voo que os levariam para suas cidades.
A presença de Paulo André, do Bom Senso FC, causou protestos do presidente do Santos, Modesto Roma Junior, que se retirou da reunião. “Vim discutir com clubes e não aceito outros grupos ou entidades.” Modesto enfatizou que defende há anos uma organização formal dos clubes e sinalizou que se daria por satisfeito se fosse fundada uma associação de clubes brasileiros.
Entre os líderes e simpatizantes do movimento há a percepção de que o atual momento de crise no comando do futebol brasileiro abre uma brecha para a criação da liga.
“Para um começo de conversa, foi ótimo. Vamos ter novos encontros”, disse o presidente do Bahia, Marcelo Santana. Da Série B, o Ceará também se fez presente.
Apesar do incidente com o Santos, Paulo André considerou muito válido o encontro. “Nada foi discutido mais profundamente. Há caminhos a serem tomados, prioridades. Mas houve uma troca produtiva de ideias”, destacou o zagueiro.
Ele falou também sobre nota oficial do Bom Senso, divulgada na segunda-feira, pedindo a renúncia do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero.
“Desde as denúncias de casos de corrupção que envolvem diretamente a CBF, ele ficou politicamente enfraquecido e sua gestão, moralmente contaminada, por causa da prisão de José Maria Marin (vice da CBF, braço direito de Del Nero)”, explicou.