Uma assembleia em que só as 27 federações estaduais de futebol terão direito a voto deve ser convocada nos próximos dias pela CBF para determinar o destino de Rogério Caboclo, presidente afastado da entidade após acusação de assediar sexual e moralmente uma funcionária da casa. Para reassumir o cargo, ele precisaria do apoio de pelo menos sete dessas entidades. Hoje, Caboclo teria bem mais do que isso, segundo seus cálculos.
O dirigente estima que 11 ou 12 federações estão solidários com ele. Acredita nisso a partir de contatos quase que diários com seus respectivos presidentes.
Essa adesão pode ser até maior se Del Nero continuar com a ideia de fazer do vice Gustavo Feijó o novo presidente da CBF, conforme o Terra apurou. Por seu estilo brucutu e o histórico de processos como réu em Alagoas, Feijó tem uma rejeição muito grande entre dirigentes de federações e clubes.
O imbróglio que atormenta a CBF tem como protagonista um de seus ex-presidentes, Marco Polo Del Nero, banido do futebol pela Fifa em 2018 por envolvimento em escândalos de corrupção. Ele rompeu relações com Caboclo e controla as ações da entidade a partir de seu gabinete central, ou seja, de seu apartamento de luxo na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
Vários presidentes de federações seguem a cartilha de Del Nero. Mas um fato novo pode levar alguns deles a abandoná-lo. O ex-dirigente punido pela Fifa deve ser convocado para a CPI da Covid a fim de dar informações que ajudem a esclarecer as ações do empresário Francisco Maximiano, dono da empresa Precisa Medicamentos, que negociou a vacina Covaxin com o Ministério da Saúde.
Isso se daria por causa de suposta proximidade de Maximiano com Del Nero, como atestam documentos que mostram que o empresário já contratou os serviços do escritório Marco Polo Del Nero Advogados Associados, do qual o ex-presidente da CBF é sócio, por cifras milionárias.
Com Del Nero numa CPI, tudo o que vários presidentes de federações estaduais querem é distância. Temem que ele se enrole e passe também a ser investigado por crimes relatados pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Romário (PL-RJ) na CPI do Futebol em 2015 e 2016 – lavagem de dinheiro, estelionato, entre outros – todos negados pela defesa de Del Nero. Nesse cenário, essas entidades poderiam também virar alvo.