Muito provavelmente o escândalo de corrupção que abalou a Fifa não teria vindo à tona sem a participação de Chuck Blazer, um lendário membro do comitê executivo da entidade que colaborou com a investigação que culminou com a prisão de dirigentes e executivos na última quarta-feira, na Suíça. Cooperando pelo menos há três anos com o FBI, Blazer tornou-se figurinha conhecida nos bastidores do futebol por seu estilo de vida excêntrico.
Em novembro de 2014, o jornal New York Daily News publicou um perfil do dirigente que na época já colaborava com a Justiça americana. Entre as curiosidades, a mais surpreendente talvez seja a de manter um apartamento em área nobre de Nova York apenas para seus gatos.
Segundo a reportagem, na época Chuck Blazer vivia no 49º andar da Trump Tower com aluguel de US$ 18 mil (cerca de R$ 55 mil). No mesmo andar mantinha um apartamento com valor mensal de US$ 6 mil (cerca de R$ 18 mil) apenas para seus gatos.
Um amigo próximo disse ao New York Daily News que Blazer vivia como se não tivesse amanhã, comendo e bebendo do bom e do melhor. Além dos apartamentos em Nova York, Blazer frequentava um condomímio de luxo em Bahamas e era figura certa em festas e eventos da Fifa.
Pesando mais de 200 kg, Blazer tinha dificuldade de locomoção e muitas vezes era visto andando em um scooter . Durante a sua passagem como membro do comitê executivo da Fifa, era comum ver o cartola em fotos ao lado de personalidades como Pelé e Bill Clinton ou em eventos como o Carnaval carioca.
Ao longo dos mais de 20 anos como dirigente esportivo, Blazer atuou na federação americana, foi secretário-geral da Concacaf e membro-executivo da Fifa. Acabou cooptado a colaborar para o FBI quando era acusado de receber propinas de entidades esportivas e dever milhões à Receita dos EUA. Era conhecido no mundo esportivo como Mr. 10%, por conta da porcentagem que cobrava de propina em negociatas. No acordo com a Justiça americana, se declarou culpado e devolveu US$ 1,95 milhões (cerca de R$ 6 milhões)
Blazer deixou o cargo de executivo da Fifa em 2013, depois de uma auditoria na Concacaf apontar que o dirigente havia recebido milhões de dólares em comissões não declaradas. Na época, presidente Jospeh Blatter anunciou a suspensão por seis meses do americano, mas não fazia ideia que ele já colaborava com a FBI. Em 2012 ele gravou secretamente conversas com dirigentes que recebeu em seu hotel durante os Jogos Olímpicos de Londres.