Sete cartolas ligados à Fifa foram presos em Zurique nesta quarta-feira por acusação de corrupção envolvendo acordos de marketing, venda de direitos de transmissão de eventos e escolha das sedes da Copa do Mundo. Outros sete foram indiciados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, em lista que reúne presidentes de federações e confederações, além de empresários.
Chama a atenção a presença do ex-presidente e atual vice da CBF, José Maria Marín. Além dele, foram presos o presidente da Concacaf e vice-presidente da Fifa, Jeffrey Webb; o presidente da Federação da Costa Rica, Eduardo Li; ex-funcionário da Federação da Nicarágua, Julio Rocha; o ex-vice presidente da Conmebol e antigo mandatário da Federação Uruguaia, Eugenio Figueredo; o presidente da Federação Venezuelana de Futebol, Rafael Esquivel; e o ex-dirigente da Federação das Ilhas Cayman Costas Takkas.
Conheça abaixo cada um dos presos:
José Maria Marin
Presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) até o último mês de abril, o ex-militar liderou a organização da Copa do Mundo de 2014 e também é membro do comitê dos Jogos Olímpicos do ano que vem. Pupilo de Ricardo Teixeira, envolveu-se em polêmica já em 2012, quando foi visto colocando no bolso uma medalha que deveria entregar após a final da Copa São Paulo de Juniores. Atualmente é vice-presidente da CBF, além de dar nome à nova sede construída recentemente pela entidade.
Jeffrey Webb
É presidente da Concacaf desde 2012, cargo que lhe rende posto entre os vice-presidentes da Fifa. Seu envolvimento pode ser considerado uma surpresa, visto que tem frequentemente cobrado a entidade a combater a corrupção. Ele recentemente criticou o conservadorismo da instituição, que não libera o relatório de investigação sobre as escolhas de Rússia e Catar como Copas do Mundo de 2018 e 2022. Webb ainda lidera a luta contra o racismo, sendo principal pilar contra a discriminação no jogo.
Eduardo Li
Empresário com ascendência chinesa, é o presidente da federação de futebol da Costa Rica e membro do comitê executivo da Concacaf. Ele estaria presente no comitê executivo da Fifa nesta semana para votar nas eleições presidenciais. Provavelmente daria seu voto pela reeleição do atual presidente Joseph Blatter, seguindo assmi as diretrizes da confederação centro-americana.
Eugenio Figueredo
Presidente da Federação Uruguaia de Futebol entre 1997 a 2006. Também ocupou cargo de vice-presidente da Conmebol até 2013, quando assumiu o principal cargo frente à saída de Nicolás Leoz. À época Leoz alegou problemas de saúde, mas também era investigado por vender seu voto na escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022. A permanência do cartola de 83 anos à frente da Conmebol, porém, foi curta: recentemente ele passou bastão para Juan Ángel Napout.
Julio Rocha
Foi presidente da Federação Nicaraguense de Futebol por quase 25 anos antes de optar por sair do cargo recentemente, em 2012. Atualmente é membro do Comitê de Desenvolvimento montado pela Fifa no futebol da América Central. Formalmente ocupa o cargo principal da União Centroamericana de Futebol (Uncaf), instituição regional das federações caribenhas que é subordinada à Concacaf.
Rafael Esquivel
Nascido em Tenerife, na Espanha, hoje é presidente da Federação Venezuelana. Ocupa o cargo desde 1988, feito que o torna o cartola de reinado mais longo entre todas as federações sul-americanas. Figura de grande força política na Conmebol, Esquivel é também o primeiro vice-presidente da entide continental, além de ser um dos membros do Comitê de Disciplina organizado pela Fifa.
Costas Takkas
O grego foi secretário da Federação de Futebol das Ilhas Virgens Americanas e atualmente ocupa cargo na Concacaf, sendo subordinado direto de Jeffrey Webb, que também foi preso nesta quarta-feira. A investigação acredita que Takkas foi uma ponte para ligar os outros corruptores ligados ao caso.
Outros indiciados por corrupção que ainda não foram presos:
Jack Warner
Foi um dos mais poderosos na política da Concacaf por 30 anos até que renunciou seus cargos ao ser acusado de corrupção e suborno. Devido às regras da Fifa, a aposentadoria em 2011 deu fim a todos os processos de ética movidos contra ele, o que impediu exposição pública sobre as possíveis fraudes. "A presunção de inocência é mantida", alegou a entidade na ocasião, ignorando acusações sobre revenda ilegal de ingressos e direitos de televisão. Warner ainda teria usado dinheiro da Fifa para construir um centro de treinamento de R$ 82,5 milhões em um terreno seu.
Nicolás Leoz
Foi presidente da Conmebol durante 27 anos até deixar o posto em 2013, quando alegou problemas de saúde. Paralelamente, era acusado de receber propina de um ex-parceiro da Fifa durante os Anos 90, além de supostamente ter vendido seu voto na votação que definiu Rússia e Catar como sedes das Copas de 2018 e 2022.
Aaron Davidson
Presidente da Traffic Sports, empresa norte-americana responsável por promover eventos de futebol. Também é presidente do conselho da North American Soccer League, campeonato do segundo escalão dos Estados Unidos.
Alejandro Burzaco
Empresário do ramo da comunicação, controla a Torneos y Competencias, uma empresa de marketing esportivo sediada na Argentina.
Hugo Jinkis
O argentino Hugo Jinkis, de 70 anos, controla a Full Play Group S.A., empresa sediada na Argentina dedicada ao marketing esportivo desde 1998.
Mariano Jinkis
Mariano Jinkis, de 40 anos e também argentino, têm vínculos familiares com Hugo Jinkis, embora o Departamento de Justiça dos Estados Unidos não especifique quais. Mariano também está no comando da Full Play Group S.A.
José Margulies
Empresário acusado de ter intermediado pagamentos ilegais entre os dirigentes indiciados.