O que chucrute, almôndega, sukiyaki e feijoada podem ter em comum? Para um vendedor de cachorro-quente em São Paulo, a resposta é uma só: todos são ingredientes para o lanche. Wesley Machado, 41 anos, escolheu o menu inusitado para os dogs como forma de homenagear as seleções que disputarão a Copa do Mundo no Brasil a partir do próximo dia 12.
E o quiosque do microempresário não poderia ter um local mais sugestivo: o shopping Itaquera, na zona leste da capital paulista, a poucos metros do estádio que abrigará a abertura do campeonato, a Arena Corinthians.
Machado estreou o cardápio temático (e bilíngue: português e inglês) nessa quarta-feira –são sete sabores que fazem referência às Seleções do Brasil, Alemanha, Argentina, Japão, Estados Unidos, México e Itália. E com um cuidado: o cardápio é do “hot dog oficial da torcida”, e jamais “da Copa” – o que traria problemas com a Fifa, detentora dos direitos sobre os produtos comercializados com o nome do torneio.
“Ontem um apresentador de TV disse que eu vendia o ‘dog oficial da Copa’ e um advogado da Fifa já entrou em contato com a administração do shopping para saber se havia algo errado. Nada a ver isso, né, mas enfim, o país aceitou as condições impostas por eles”, definiu. “Tudo bem, somos um povo que busca oportunidades, e eu não podia deixar a minha passar, agora.”
Polêmicas à parte, Machado garante que o cachorro-quente de feijoada, escolhido para representar a torcida brasileira, nada tem de polêmico. “A ideia era ter um cardápio diferenciado seguindo os ingredientes de cada país. Quer prato brasileiro mais típico que a feijoada? Os clientes aprovaram”, jura. O dog japonês, com sukiyaki e hot roll, ainda não teve a capacidade de criar polêmica submetida ao crivo da clientela. É forte candidato ao lado do dog italiano, com almôndegas, molho e manjericão.
Os lanches temáticos são também mais caros: oscilam entre R$ 15 (o brasileiro, por exemplo) e R$ 24 (o japonês), contra R$ 6,99 do dog tradicional. São coloridos (com corante comestível) e, por isso mesmo, explica o dono da ideia, “quatro vezes mais difíceis de serem feitos”.
Para quem quer saber de onde veio a “inspiração” para os lanches exóticos, Machado admite que a Copa – ou “a torcida”, se a Fifa preferir –é um detalhe no meio do caminho. “Minha mulher come o que você pensar com pão: pizza com pão, macarrão com pão, peixe com pão...tudo combina. Por que feijoada não combinaria?”, filosofa o paulistano do Mandaqui (zona norte).
Para o pós-Copa, ele tem algumas cartas na manga. Mas não abre o jogo: mostra apenas os pães coloridos... em preto e branco. O torcedor da Arena Corinthians vai entender.