Autor de uma petição pública que pede a saída de José Maria Marin da CBF, Ivo Herzog confirmou que irá até a entidade na próxima semana, no Rio de Janeiro, para entregar o documento. Na internet, a petição atingiu a meta de 50 mil assinaturas contra Marin, a quem Ivo atribui participação na prisão, tortura e assassinato de seu pai, o jornalista Vladimir Herzog, na década de 70. Ivo Herzog visitou o Terra nesta quinta-feira. Ele comparou o dirigente a líderes do nazismo.
"Vamos entregar uma cópia da petição, entregar os discursos do Marin e carta explicando tudo", definiu Ivo. Há, no Diário Oficial da época, discurso de José Maria Marin, então deputado, em apoio a Sergio Fleury, indicado como torturador. "Vamos mandar esse material às 27 federações e aos 20 clubes da Série A. E aí ninguém pode justificar ignorância dos fatos. Ou estarão coniventes ou vão assumir posição contrária. O silêncio é a conivência", definiu Ivo sobre os 47 presidentes que terão direito a voto nas eleições da CBF em 2014.
O filho do jornalista, que à época era diretor da TV Cultura, lembrou da repercussão internacional das denúncias em torno do atual presidente da CBF. "Sei que o mundo está incomodado com Marin. Saíram reportagens na Inglaterra, na Alemanha, na Venezuela. Em vários países. A gente sabe que a Fifa está incomodada com a repercussão dos fatos. A presidente Dilma, em um ano, não recebeu o Marin. Não é algo que 'o filho do Vladimir que está chateado com a morte do pai'", comparou.
Ivo, na sequência, também pediu a indignação popular contra Marin, independente de questões estatutárias da CBF. "Ele faz parte da escória da política brasileira. Não pode estar à frente de algo que representa o nosso país. Ele está ligado não só porque estava lá, porque apoiou, elogiou e pediu reconhecimento. Ele chama o Fleury de herói. Ele o chefe da polícia secreta na época. Chefe da polícia que sequestrava e torturava pessoas. Homens, mulheres e crianças. Esse é o herói de José Maria Marin".
E emendou: "sinto nojo, asco, indignado. É essa pessoa que vai receber o mundo? É uma pessoa ligada a um dos piores capítulos da nossa história. Imaginar Marin na frente da CBF e do COL é imaginar que a Alemanha em 2006 tivesse um ex-integrante nazista para a Copa do Mundo".