Ninguém fala de outra coisa no Brasil a não ser Copa do Mundo. E não é só sobre a atuação dos times em campo não. Fora dele, a interação entre brasileiros e torcedores de todos os cantos do mundo passa pelo agito da Vila Madalena, pela praia de Copacabana e principalmente pelo Tinder. Isso mesmo. O aplicativo de paquera registrou um aumento de 50% no número de downloads no Brasil desde que o mundial começou. O País é agora o terceiro maior público do app, atrás somente de Estados Unidos e Reino Unido.
“Nas duas últimas semanas, não estava nem conversando em português no Tinder. Era muito gringo”, conta a mineira de Belo Horizonte Analice, de 29 anos. Segundo os criadores, as pessoas passam mais de 70 minutos conectadas diariamente, quando movimentam cerca de 10 milhões de mensagens só no Brasil. Voltado ao público gay e bissexual, o Grindr também registrou um aumento de 31% na quantidade de vezes que os usuários abrem o app diariamente por aqui.
Viva a Bélgica!
E, dentre estes milhões de mensagens, muitas vieram do celular de Analice, que baixou o aplicativo depois de terminar um namoro há algum tempo. “Eu gosto de conversar com as pessoas, então para mim o Tinder é um meio. Fiquei com algumas pessoas que conheci e de outras me tornei amiga”, conta. Segundo ela, a Copa do Mundo trouxe possíveis pretendentes e prováveis amigos do Egito, Estados Unidos, Bélgica, Argentina, Colômbia, Irã.
Dona de uma balada em Belo Horizonte, ela transformou o local no “bar oficial dos encontros marcados pelo Tinder”. Dela e da turma de colegas. "Uma amiga conheceu um cara do Irã e, uma noite, vieram vários para cá. Foi bem legal", conta. Aliás, em seu aniversário comemorado na última semana, foi um animado grupo de iranianos que fez a festa até de manhã na companhia das novas amigas brasileiras.
Mas, entre tantas opções, dá para escolher uma seleção do coração? “Quando teve jogo da Bélgica aqui em BH, o Tinder ficou bem bonito!”, se diverte.
Caça aos gringos
Enquanto para Analice foi uma novidade ver tantos estrangeiros juntos na capital mineira, a estudante de jornalismo Thaís Imbuzeiro, de 21 anos, achou Brasília parada demais para as férias. O jeito? Voltar ao Tinder, app que baixou e deletou no ano passado. “Estou em Brasília na casa dos meus pais e estava meio chateada porque aqui a gente não vê tantos gringos quanto no Rio. Uma amiga então me convenceu a baixar o Tinder para procurarmos os gringos, nem que fosse apenas para sair e tomar uma cerveja”, conta.
E deu certo. Ela conta que com a Copa os gringos apareceram “aos montes” no aplicativo e vieram também brasileiros de outros lugares que estavam na cidade para acompanhar os jogos. “Cheguei a sair com dois gringos. Não rolou nada, mas foi divertido e fiz amigos do outro lado do mundo”, diz.
#tindernacopa
A fama dos gringos torcedores por aqui tem agradado tanto que uma página no Facebook e Tumblr chamada de Tinder na Copa reúne uma seleção de peso com os estrangeiros mais bonitos que aparecem nas opções de match do aplicativo. E, de olho na nova tendência, muitos brasileiros têm se aproveitado da situação e criado perfis falsos se passando por algum turista internacional bonitão. “O melhor dos gringos é a forma de abordagem, por mais que queiram só uma noite não são tão diretos e estúpidos como os brasileiros”, comenta Thaís.
Pagando língua
Mas apesar de não acreditar que qualquer relacionamento pudesse dar certo e sair de um aplicativo, ela “pagou a língua”. “Estou namorando um amigo de infância que reencontrei no Tinder durante a minha caça aos gringos”. Depois do “match”, ele a convidou para sair e o namorou engatou de vez.
“Tinderela”?
Apesar de desacreditar no Tinder, Thaís talvez possa ser considerada uma versão mais moderna e às avessas da “Tinderela”. O termo tem sido divulgado pela mineira Analice depois que o ouviu por aí, em algum lugar. “São as meninas princesinhas do Tinder que ficam procurando príncipe encantado lá, mas óbvio que não existe isso”.