A cada quatro anos, o debate sobre técnicos na Copa do Mundo volta a em torno sobre os que foram jogadores ou não, este segundo caso, como o de John Herdman, da seleção no Canadá, que foi criticado no país, e não está no grupo de um terço dos comandantes que disputaram o torneio como atletas.
O próprio comandante da equipe nacional, que jogou futebol não profissionalmente na Inglaterra, país em que nasceu, admitiu que existe um peso por não ter sido um atleta de alto nível na modalidade.
- Você é um bom técnico, mas nunca viveu a experiência de jogar diante de 60 mil pessoas, por isso, nunca chegará ao nível máximo - afirmou o ex-técnico das seleções femininas de Nova Zelândia e Canadá, assim como das divisões de base do Sunderland.
Na Copa do Mundo do Qatar existe uma variada gama de técnicos, encabeçada pelo francês Didier Deschamps, que venceu o torneio como jogador e capitão, em 1998, e como treinador, quatro anos atrás, passando por Tite, talentoso meia que precisou encerrar a carreira por lesão, e novatos como Herdman.
Ao todo, dez comandantes estiveram no torneio como jogadores, enquanto 11 vão à Copa pela segunda vez como técnicos.
Entre os que calçaram chuteiras, há mais defensores e meias defensivos. Apenas um deles foi goleiro, Carlos Queiroz, do Irã, em um distante passado, longe do profissionalismo em Moçambique. Além disso, há quatro atacantes.
Sem dúvida, o caso mais curioso é o de Herdman, que deixou o prestígio de ser um dos melhores técnicos do mundo no futebol feminino, para assumir a seleção masculina canadense.
Confira o perfil dos técnicos da Copa do Mundo de 2022:
Grupo A:
QATAR: Félix Sánchez (Espanha) - Com 21 anos, já trabalhava nas divisões de base do Barcelona. Partiu para o Qatar em 2006, chegando na Academia Aspire de formação de talentos, para depois passar à federação e assumir a seleção, em julho de 2017.
EQUADOR: Gustavo Alfaro (Argentina) - Na curta trajetória de quatro anos como jogador profissional, foi meia que chegou a atuar no Atlético Rafaela, na segunda divisão argentina. É técnico desde 1992, e assumiu a seleção equatoriana após deixar o Boca Juniors.
HOLANDA: Louis van Gall - Foi um discreto meia que, sem espaço no Ajax de Cruyff e Neeskens, partiu para a Bélgica e depois viveu melhor fase no Sparta Roterdam. Se aposentou com 35 anos e ganhou chance como auxiliar no Ajax, onde se consolidou como técnico. Está na terceira passagem pela seleção da Holanda e vai para segunda Copa.
SENEGAL: Aliou Cissé - Como meia, fez parte da surpreendente seleção que bateu a França na abertura do Mundial de 2002. Vai para a segunda Copa como técnico, depois de ficar na primeira fase com os senegaleses, que receberam o prêmio Fair Play da competição.
Grupo B:
INGLATERRA: Gareth Southgate - Histórico zagueiro da seleção inglesa, disputou as Copas de 1998 e 2002 e vai para o segundo Mundial como técnico, após ter levado à Inglaterra ao quarto lugar na Rússia, quatro anos atrás.
IRÃ: Carlos Queiroz (Portugal) - Por seis anos, quando jovem, foi doleiro da Ferroviária de Nampula, de Moçambique, mas encerrou a carreira aos 22, quando se mudou para Portugal. Vai para a segunda Copa com o Irã, depois da edição de 2014, no Brasil.
ESTADOS UNIDOS: Gregg Berthalter - Zagueiro que jogou 15 anos na Europa, disputou uma partida da Copa do Mundo de 2002 e foi convocado para a edição de 2006. Primeiro jogador de Crystal Palace a ser chamado para o torneio, vai estrear como técnico.
PAÍS DE GALES: Rob Page - O substituto de Ryan Giggs no banco de reservas galês, foi um zagueiro que atuou 41 jogos pela seleção e em mais de 500 partidas do Campeonato Inglês.
Grupo C:
ARGENTINA: Lionel Scaloni - Começou como lateral-direito e se tornou meia, posição em que virou ídolo no Deportivo La Coruña. Foi campeão do mundo sub-20 e disputou a Copa de 2006, em que fez um jogo. Quatro anos atrás, na Rússia, fazia parte da comissão técnica de Jorge Sampaoli.
ARÁBIA SAUDITA: Hervé Renard (França) - Zagueiro que atuou com Zinedine Zidane no Cannes, mas que só disputou uma partida da primeira divisão do Campeonato Francês. Vai para a segunda Copa como técnico, quatro anos após comandar o Marrocos.
MÉXICO: Gerardo Martino (Argentina) - Meia habilidoso, é ídolo no Newell's Old Boys e chegou a disputar um Mundial sub-20, em 1981, com a Argentina. Volta à Copa como técnico, após levar o Paraguai até às quartas de final, em 2010.
POLÔNIA: Czeslaw Michniewicz - Apelidado de "Mourinho polonês", foi atacante de pouca expressão no futebol do país do Leste Europeu. Assumiu a seleção neste ano, para substituir o português Paulo Sousa.
Grupo D:
FRANÇA: Didier Deschamps - Junto com Zagallo e Franz Beckenbauer, é um dos três técnicos que venceu Copa como jogador técnico. De capitão dos 'Bleus' em 1998, virou comandante em 2018, alcançando o mesmo resultado, o título.
AUSTRÁLIA: Graham Arnold - Foi atacante da seleção da Austrália, tendo sido o maior artilheiro do país em 1986. Também jogou na Holanda, Bélgica e Japão. Foi auxiliar de Guus Hiddink na participação dos 'Socceroos' na Copa de 2006 e volta ao Mundial 16 anos depois.
DINAMARCA: Kasper Hjulmand - Lateral-direito que teve que se aposentar dos gramados aos 26 anos, após passar pela nona operação em um dos joelhos. Admirador confesso de Cruyff e Guardiola, chegou ao comando da seleção dinamarquesa, em agosto de 2020.
TUNÍSIA: Jalel Kadri - Jogador de modestos clubes tunisianos, se tornou técnico da seleção de forma interina em janeiro deste ano e foi efetivado após a demissão de Mondher Kebaier. A classificação nas Eliminatórias, com vitória sobre Mali, o alçou ao status de ídolo.
Grupo E:
ESPANHA: Luis Enrique - A polivalência em campo, o levou para três Copas, de 1994, 1998 e 2002. Na primeira delas, acabou virando imagem icônica, ao levar uma cotovelada do italiano Mauro Tassotti. Entrou para a história por protagonizar lance que, pela primeira vez, fez a Fifa utilizar o vídeo para revisar marcação de árbitro.
COSTA RICA: Luis Fernando Suárez (Colômbia) - Zagueiro ou volante do Atlético Nacional, foi campeão da Taça Libertadores e do Mundial Interclubes. Vai para a terceira Copa do Mundo, após comandar o Equador, em 2006, e Honduras, em 2014.
ALEMANHA: Hansi Flick - Volante que fez 104 jogos pelo Bayern de Munique, defendeu apenas a seleção alemã sub-18, tendo se aposentado aos 28 anos. Virou auxiliar de Joachim Löw, sendo o responsável pela estratégia na Copa de 2014, vencida pelo 'Mannschaft'.
JAPÃO: Hajime Moriyasu - Foi volante que ficou fora da Copa do Mundo de 1994, graças a um gol sofrido no fim do jogo decisivo com o Iraque, nas Eliminatórias. Assumiu a seleção principal japonesa após bom trabalho nos Jogos Olímpicos de 2020.
Grupo F
BÉLGICA: Roberto Martínez (Espanha)- Meia ofensivo, que fez apenas um jogo na primeira divisão do Campeonato Espanhol, quando jogava pelo Zaragoza. Foi atuar no Campeonato Inglês, onde, depois, virou técnico, começando no Swansea. Volta à Copa, quatro anos depois de levar os belgas ao terceiro lugar, na Rússia.
CANADÁ: John Herdman- Nome mais emblemático da lista, o professor de Educação Física, com 23 anos, foi cofundador de uma academia de futebol brasileiro no Sunderland. Foi bronze olímpico com seleção feminina da Nova Zelândia, em 2012. Depois, chegou ao futebol canadense, primeiro na equipe nacional de mulheres, depois, na de homens.
MARROCOS: Walid Regragui - Ex-lateral-direito da seleção marroquina, chegou a disputar a primeira divisão do Campeonato Espanhol. Ganhou fama como técnico ao levar o Wydad Casablanca ao título da Liga dos Campeões da África, até chegar à seleção para substituir o bósnio Vahid Halihodzic.
CROÁCIA: Slatko Dalic - O volante, que conquistou a Copa da Iugoslávia, em 1984, nunca atuou pela seleção do país, atualmente extinto. Como técnico, volta à Copa do Mundo, quatro anos depois de levar ao vice mundial, na Rússia, quatro anos depois.
Grupo G:
BRASIL: Tite - Meia técnico, vice-campeão brasileiro em 1986, com o Guarani, que se aposentou com apenas 28 anos. No Qatar, terá a segunda chance em um Mundial, após eliminação nas quartas de final, em derrota para a Bélgica.
SÉRVIA: Dragan Stojkovic - Um dos maiores nomes do futebol sérvio, tendo sido craque como jogador, presidente da federação nacional e, depois, técnico. Disputou Copa como atleta, em 1990 e em 1998, primeiro com a Iugoslávia, depois com Sérvia e Montenegro.
SUÍÇA: Murat Yakin - Zagueiro e capitão do Basel, chegou a atuar no Campeonato Alemão e foi referência da seleção, junto com o irmão Hakan Yakin. Disputou 49 partidas com a seleção nacional e é técnico desde o ano passado.
CAMARÕES: Rigobert Song - Zagueiro e lenda da seleção camaronesa, pela qual fez 137 jogos. Foi o primeiro jogador da história a ser expulso em duas diferentes edições da Copa - depois, se juntou a ele o francês Zinedine Zidane. Em março deste ano, assumiu como técnico dos Leões Indomáveis.
Grupo H:
PORTUGAL: Fernando Santos - Ex-zagueiro, que fez 161 jogos pela primeira divisão do Campeonato Português, a maioria deles pelo Estoril. Vai para a terceira Copa do Mundo, após dirigir a Grécia, em 2014, e Portugal, quatro anos atrás.
GANA: Otto Addo - Nasceu em Hamburgo, na Alemanha, país onde fez carreira como jogador, tendo chegado a disputar a Copa de 2006. Virou técnico da seleção ganesa em setembro do ano passado, contratado junto ao Borussia Dormund, em que trabalhava nas divisões de base.
URUGUAI: Diego Alonso - Atacante com faro de gols, vice-campeão da Liga dos Campeões com o Valencia, em 2001, só fez oito jogos pela seleção uruguaia. Disputará uma Copa do Mundo pela primeira vez.
COREIA DO SUL: Paulo Bento (Portugal). Meia incansável, atuou pela seleção portuguesa em 35 partidas, três delas, na Copa do Mundo de 2002. O ex-técnico do Cruzeiro estreia no torneio como comandante.