Jamais na história das Copas do Mundo a Seleção brasileira havia entrado em campo com um time todo de reservas, como na derrota para Camarões por 1 a 0, nessa sexta (2), em Lusail. Em algumas situações, com a classificação assegurada, a opção chegou a ser por uma equipe mesclada. O risco da decisão do técnico Tite existia e ficou evidente com o vexame contra a seleção africana.
Por pouco a Seleção não perdeu a liderança do Grupo G, o que a empurraria para um chaveamento no qual se encontram Espanha, França, Inglaterra e Portugal. Ou seja, a estratégia do treinador falhou, e feio, para o terceiro compromisso do Brasil no Mundial.
Tite tem comandado no Catar treinos fechados, secretos, e caberia a ele essa avaliação sobre o potencial dos reservas. O revés contra Camarões abateu claramente o ânimo de jogadores e de torcedores e deixou o Brasil sob pressão para o confronto com a Coreia do Sul, nessa segunda (5), pelas oitavas de final.
Acrescente-se a isso a motivação do adversário, que conseguiu a vaga para o mata-mata graças a uma vitória épica sobre Portugal.
Tite possui argumentos para defender a escalação de uma equipe 100% reserva. Queria evitar a exposição de titulares a uma nova lesão, o que já ocorreu com Neymar, Danilo e Alex Sandro, principalmente diante do intervalo curto entre as partidas contra Camarões e Coreia do Sul. Também deixaria o time principal afastado do risco de punições por cartão amarelo.
Há quem afirme que sua iniciativa abrange ainda a ideia de dar vez a todos os 26 convocados – agora, só o goleiro Weverton, do Palmeiras, não atuou no Mundial. Esse é outro ponto discutível, a partir de uma eventual leitura de Tite de que isso não comprometeria os resultados da Seleção.
O fim de semana será longo para a equipe e a contusão sofrida por Alex Telles no jogo com Camarões dá um tom de dramaticidade ao duelo com a Coreia do Sul. Afinal, dos quatro laterais convocados, três se machucaram e o que sobrou é exatamente o mais contestado, Daniel Alves, 39 anos, bom no apoio e fraco na marcação.