A mexicana Paola Schietekat foi condenada a 100 chibatadas e a sete anos de prisão após denunciar a agressão de um homem, no Qatar, país que sediará a Copa do Mundo 2022.
Em entrevista ao ‘Fantástico’, da Rede Globo, a mulher contou sobre o ocorrido. "Estava no meu apartamento e fui agredida por alguém que eu conhecia. Eu o conhecia da comunidade latina, não há muitos latinos no Qatar. Foi violência física, me deixou com marcas no corpo", disse.
Schietekat, que é economista, foi a Doha, capital do Qatar, no começo de 2020 para trabalhar no Comitê Supremo, entidade responsável em organizar a Copa do Mundo. Ela contou que ao procurar as autoridades para registrar a queixa de agressão, o caso teve uma reviravolta. Paola foi acusada de "sexo extraconjugal" e segundo a Lei Sharia, do sistema jurídico do Islã, as vítimas de violência sexual podem ser processadas por adultério, prevendo a pena de 100 chibatadas e sete anos de cárcere.
O homem acusado de agressão, contou para as autoridades que ele e Paola tinham uma relação para se livrar das acusações. Com isso, a jovem foi condenada com a pena prevista pelas leis islâmicas. Para se livrar da pena, a alternativa seria se casar com o agressor.
Paola conseguiu sair do Qatar em 2021, antes de ser punida, mas conta que a Justiça não foi feita e que seu agressor permanece livre e nem chegou a ser acusado. Em março, ela recebeu a notícia de que o seu caso voltou para a promotoria e que poderá ser arquivado.
Em nota para o ‘Fantástico’, a Fifa disse que Paola deve “receber cuidados e assistência, e que continuará acompanhando o caso até que ele esteja completamente encerrado”. Completou dizendo que “o futebol ajuda no empoderamento feminino, reduz a delinquência juvenil e a violência. A Fifa teme que as pessoas politizem o futebol, mas futebol é política e é uma ferramenta superimportante".
A Copa do Mundo do Qatar acontece no final deste ano, entre 21 de novembro e 18 de dezembro