Eu quero morar na Copa do Mundo! O poder que esse esporte tem de criar narrativas inesperadas é algo surreal e que mexe muito comigo. A Espanha, que estreou na Copa do Mundo de 2022 com uma sonora goleada por 7 a 0 diante da Costa Rica, hoje foi eliminada nos pênaltis para a seleção de Marrocos, jamais repercutida nem mesmo na categoria "pode assustar".
O que senti ao ver os africanos se classificarem para as quartas de final, pela primeira vez na história e de forma invicta, em cima de uma já campeã mundial e tida sempre como favorita, traduz exatamente a sensação de que ironias e acasos se cruzam no futebol. Não importa, aqui, se é mata-mata, Copa do Mundo ou se no papel se vê um superior.
Contra todos os prognósticos, Marrocos avançou no torneio e mostrou que é uma equipe organizada, forte e técnica. É um dos times que mais se entregaram taticamente e coletivamente, se impondo diante de uma Espanha que pressionou bastante. Também mostrou uma defesa muito consistente nos quatro primeiros jogos, tomando apenas um gol até aqui.
Os meus destaques hoje vão para o goleiro marroquino Bono, bem demais na disputa de penalidades e responsável por duas defesas, e Achraf Hakimi, que marcou um belo pênalti de cavadinha. Ele, inclusive, voltando às ironias e os acasos do futebol, é nascido em Madrid, mas optou pela cidadania marroquina por conta dos pais. Que roteiro…
Agora, Marrocos enfrenta Portugal, que mandou a Suíça para casa no primeiro duelo com hat trick na Copa do Mundo, feito pelo português Gonçalo Ramos, grande destaque da classificação europeia. Assustou ver o craque Cristiano Ronaldo no banco, pela primeira vez em todos os Mundiais, para que o camisa 26 jogasse, mas, pelo que se confirmou, Fernando Santos tinha um plano - o que às vezes funciona também.
