Um torcedor protestou durante o jogo entre Portugal e Uruguai, nesta segunda-feira (28), ao invadir o campo do estádio Lusail com uma bandeira nas cores do arco-íris, em apoio à causa LGBTQIA+. No Catar, a homossexualidade é considerada um crime e o país também tem um longo histórico de violações dos direitos humanos.
Além da bandeira, a parte de trás da camisa do torcedor destacava a frase "respeito pelas mulheres iranianas", enquanto na parte da frente estava escrito "salvem a Ucrânia".
Após a invasão ao campo, o homem foi contido pelos seguranças, mas jogou a bandeira no gramado. O item foi retirado do local e recolhido.
A Copa no Catar vem sendo muito criticada devido a postura do país, considerada intolerante por muitos. Como protesto, algumas seleções planejavam usar braçadeiras em apoio a comunidade LGBTQIA+, mas a iniciativa foi vetada pela Fifa, que ameaçou punir aqueles que protestassem.
Após muitas críticas, na semana passada a sede do torneio abandonou parte da postura restritiva. Com o início da segunda rodada da fase de grupos desde a sexta-feira (25), torcedores que quiserem expressar apoio à comunidade LGBTQIA+ com camisetas, bandeiras e símbolos semelhantes não devem mais ser incomodados pelos seguranças. No gramado, entretanto, braçadeira "One Love" continua sendo tabu.
Relatos de preconceito
Nos últimos dias, acumularam-se relatos de torcedores sendo solicitados a tirar roupas e acessórios exibindo arco-íris, inclusive profissionais da imprensa que trabalham na cobertura da Copa do Mundo.
Um dos afetados foi o jornalista pernambucano Kelvin Maciel, que teve tomada por funcionários da organização da Copa no Catar uma bandeira de Pernambuco - que possui um arco-íris -, quando ele fazia entrevistas diante do Lusail Stadium, em Doha, na terça-feira, após o jogo entre Arábia Saudita e Argentina.
O comentarista americano Grant Wahl, da rede CBS, também relatou que foi impedido de entrar no estádio por quase meia hora por usar uma camiseta com um arco-íris. Ele afirmou que um segurança lhe disse que a vestimenta não era permitida. Wahl afirmou que seu telefone foi "arrancado à força" de suas mãos por um guarda enquanto ele postava sobre o incidente nas redes sociais.
Ele disse que foi detido por 25 minutos e instruído a tirar a camiseta, classificada como "política" por um membro da equipe de segurança. Por fim, o jornalista, recebeu permissão para entrar no estádio com a roupa.
Além disso, a jornalista inglesa Natalie Pirks, da BBC, contou que o cinegrafista que a acompanhava na cobertura da Copa do Mundo foi barrado na entrada do estádio Al Bayt por usar um relógio com um arco-íris. Os dois estavam cobrindo o jogo da Inglaterra contra os Estados Unidos.