Dias antes de ser preso na Suíça por envolvimento em escândalos de corrupção, o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, já deixava claro, entre amigos, o seu desapontamento com o atual mandatário, Marco Polo Del Nero. Isso porque ele perdeu alguns privilégios: foi impedido de usar o jatinho da entidade, teve seu celular recolhido, sem sequer uma cópia de seus contatos, e não pôde mais desfrutar do auxílio de funcionários da CBF, com os quais contava quase que diariamente.
Já em Zurique, na véspera da prisão, Marin reclamou de Del Nero com pelo menos dois presidentes de federações estaduais. Com um deles, combinou uma bacalhoada tão logo regressasse do Congresso da Fifa.
Marin fez um desabafo aos amigos e relatou, por telefone, que estranhava algumas atitudes do mais fiel parceiro de diretoria da CBF nos últimos três anos. Depois de comandar a CBF de 2012 até 2015, período em que Del Nero foi o vice mais atuante da entidade, Marin cedeu o posto a Del Nero, em abril, e passou a ser um de seus vices.
“Eu o tratei com toda a deferência quando ele foi o vice. Agora que seu sou o vice, ele não me dispensa o mesmo tratamento”. Essa queixa, atribuída a Marin, foi confidenciada ao Terra por um dos amigos do ex-presidente da CBF.
Um dia depois da ação de agentes do FBI e a da polícia suíça, que culminou na prisão de José Maria Marin e de outros seis dirigentes acusados de corrupção, Del Nero determinou a retirada do nome de Marin da fachada do prédio da CBF, no Rio. Logo em sua primeira entrevista após deixar o Congresso da Fifa e voltar rapidamente ao Brasil, Del Nero lamentou que seu vice tivesse cometido desvios e afirmou que desconhecia as atitudes do antecessor.