Brasil corre sério risco de ficar fora da Copa de 2018

28 jun 2015 - 09h10
Foto: Felipe Trueba / EFE

Você consegue imaginar uma Copa do Mundo sem a Seleção Brasileira? Difícil, não? Mas é bom começar a pensar nisso, porque não é uma situação tão absurda atualmente. A Copa América mostrou como o Brasil está no mesmo nível (ou abaixo) dos adversários e tem problemas graves, inclusive alguns que dificilmente serão resolvidos nos próximos três anos.

Em primeiro lugar, é preciso valorizar os adversários do Brasil. Citando apenas os times que o Brasil enfrentou, foi perceptível observar como Peru, Venezuela e Paraguai evoluíram. O primeiro especialmente, já que tem um setor ofensivo experiente e poderoso, com Vargas, Lobatón, Pizarro, Guerrero e Farfán. Foi para a semifinal nas últimas duas edições da Copa América e ficou na beira da classificação para a Copa de 2014, em 6º lugar. Não será surpresa ver o Peru na Rússia em 2018.

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E também é fácil indicar qualidades nos outros times da Copa América: o Uruguai segue como um time que sabe se defender como poucos e terá outro nível de ataque com a volta de Luis Suárez nas Eliminatórias; o Equador é inconstante, mas tem alguma qualidade tanto na defesa quanto no ataque; e até a Bolívia possui uma geração de jovens que podem colocar o país em um patamar mais digno.

Há três seleções estão nitidamente mais fortes que o Brasil, Argentina, Colômbia e Chile. O time de Lionel Messi tem qualidade técnica incomparável, está cada vez mais experiente, mostra boa regularidade e... tem Lionel Messi! Já o Chile, além dos jogadores talentosos, está cada vez melhor taticamente. E a Colômbia tem uma defesa muito forte, enquanto o ataque tem bons nomes que só precisam se entender. A quantidade de atacantes de alto nível chama atenção: Falcao García, Jackson Martínez, Téo Gutiérrez, Carlos Bacca, Victor Ibarbo... todos eles brigariam para entrar no time titular da Seleção Brasileira atualmente.

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Olhando para o próprio umbigo

Se os adversários estão em um nível tão bom, é hora de o Brasil olhar para o próprio umbigo e enxergar que precisa evoluir em três aspectos básicos do futebol: emocionamente, tecnicamente e taticamente. Difícil é saber qual desses é o pior problema da Seleção no momento.

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O zagueiro Miranda, capitão do Brasil em dois jogos na Copa América, foi questionado sobre o problema emocional da equipe e ficou incomodado, negando isso prontamente. Mas é algo que já tinha sido mostrado na Copa do Mundo, quando o time tremeu e até chorou nos momentos de maior pressão. E na Copa América ficou claro que isso não foi resolvido, já que muitos jogadores cometeram erros bobos que não costumam fazer em seus times, de Jefferson a Roberto Firmino, passando por Thiago Silva, Fernandinho e até Neymar. 

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Foto: Pablo Porciuncula / AFP

Taticamente, o Brasil é um time muito limitado. Possui apenas uma formação que ficou muito desconjuntada sem as presenças de Neymar e Oscar. O 4-2-4 ficou muito estático e sentiu falta de um meio-campo mais participativo, já que os volantes foram muito omissos em toda Copa América. A ideia de não usar um centroavante fixo, que vinha sendo um ponto forte nos amistosos, não funcionou 100% na Copa América. Como Filipe Luis admitiu após a eliminação contra o Paraguai, "amistosos não têm nada a ver com a competição de verdade". Roberto Firmino e Diego Tardelli precisam tomar cuidado para convencerem Dunga a não testar outros jogadores na mesma função ou até usar um centroavante mais fixo. Seria um retrocesso, já que o Brasil não possui um camisa 9 de alto nível atualmente. Mas se a outra alternativa não funcionar, a filosofia pode mudar.

Tecnicamente, há pouco para fazer: a convocação de Dunga pode até ser questionável em um ou outro nome, mas nada que fará grande diferença. O nível técnico da Seleção Brasileira é este que vimos na Copa América. O melhor que dá para fazer atualmente é incluir jovens como Lucas, Felipe Anderson e Rafinha Alcântara no time, mas não dá para acreditar que eles serão a solução. Jogadores que deveriam dar mais experiência para essa geração, como Kaká e Ronaldinho, não merecem ser cogitados atualmente. Por isso a "Neymardependência" é uma realidade e precisa ser encarada como tal. Dunga tem que fazer o time render em volta de Neymar, sem vergonha disso. Enfim, a solução é fazer um elenco razoável virar um time forte por causa da boa organização.

E aí entram em campo novas perguntas: Dunga é o homem certo para cumprir essa missão? Ele conseguirá tirar mais qualidade do Brasil? Quanto tempo será dado para ele fazer esse time evoluir? O pior é que as respostas só poderão ser dadas de verdade por Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, que atualmente tem vários outros motivos para se preocupar. Como se não bastassem tantos problemas em campo, a Seleção ainda será atrapalhada por polêmicas e escândalos. É um olho no Dunga e outro no FBI. É um olho na Copa e outro fora dela.

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Fonte: Terra
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