O placar de 0 a 0 no tempo normal pode levar quem não assistiu ao jogo a pensar o contrário, mas Lionel Messi enfim teve sua primeira atuação de gala pela Argentina nesta Copa América. O duelo das quartas de final contra a Colômbia não teve gols, mas teve todo o resto saindo do genial pé esquerdo do camisa 10: passes, dribles, lançamentos, movimentação inteligente e objetividade. Se a arbitragem tivesse sido séria, os colombianos Mejía e Cuadrado teriam sido expulsos por faltas no craque. Mas ele mesmo admite: como é difícil fazer um gol pela seleção...
"Fomos merecedores da vitória", disse Messi após a partida em Viña del Mar. "Foi incrível, o melhor jogo da equipe. Criamos muitas situações, e eles (Colômbia) não queriam saber de nada. Mas não conseguimos fazer o gol. É terrível o que me custa fazer um gol pela seleção. Tive chances e não consegui", desabafou.
Até agora, Messi tem só um gol na Copa América - de pênalti, na estreia contra o Paraguai. Nos três jogos da primeira fase, o atacante teve momentos de brilho e lances espetaculares, mas faltou consistência para jogar bem por mais tempo. Diante da Colômbia, porém, ele manteve o nível praticamente por 90 minutos, não diminuiu o ritmo na etapa final como nos outros jogos, e assumiu a responsabilidade de fazer o time jogar. Praticametne tudo que a Argentina criou - e foi muita coisa - passou por ele.
A lamentação de Messi pela falta de gols tem dois lados: é verdade que sua média no Barcelona é quase o dobro da apresentada na seleção, mas mesmo assim ele é o atual segundo maior artilheiro da história da Argentina, somente 10 gols atrás de Gabriel Batistuta. Se mantiver a média de 0,46 gol por jogo, ele assumirá a primeira posição daqui a 23 partidas. Na equipe catalã, porém, esse mesmo número de jogos seria suficiente para colocar 19 bolas na rede, levando em conta a média de 0,84 gol por jogo de Messi pelo Barça.
| Pelo Barcelona | Pela Argentina | |
| 524 | Jogos | 101 |
| 440 | Gols | 46 |
| 0,84 | Média | 0,46 |
No jogo específico contra a Colômbia, a atuação excelente de Messi só não foi coroada com um gol por causa de David Ospina. O goleiro colombiano operou verdadeiros milagres para impedir que sua equipe saísse goleada de um jogo no qual foi amplamente dominada. A defesa mais espetacular foi justamente contra Messi, voando para espalmar uma cabeçada à queima-roupa do camisa 10 logo após defender com os pés um chute de Agüero.
É claro que gols não faltam na carreira do jogador eleito quatro vezes o melhor do mundo - além da vice-artilharia da seleção (por enquanto), ele é o maior goleador da história do Barcelona. Mas para um atleta que já conquistou tudo que se poderia conquistar pelo clube, a obsessão é repetir o feito defendendo seu país - e o primeiro passo é quebrar um jejum de títulos que já dura 22 anos com um triunfo na Copa América. Para isso, porém, os gols terão que começar a sair. Faltam dois jogos...
