A torcida brasileira sempre tem uma expectativa muito alta com a Seleção. Não basta vencer, tem que jogar bem, com futebol envolvente e convincente. Depois de uma estreia discreta na Copa América, contra a Bolívia - em jogo marcado pelas primeiras vaias da era Tite - e de um empate sofrível com a Venezuela, o Brasil fez sua melhor atuação do pós-Copa diante do Peru, no último sábado (22), dando até "olé" ainda no primeiro tempo.
A reportagem do Terra esteve presente nos dois jogos da Seleção em São Paulo, contra a Bolívia, no estádio do Morumbi, e contra o Peru, na Arena Corinthians. Em nenhum dos dois jogos, o comportamento da torcida brasileira foi diferente do habitual. Ao contrário do engajamento e do calor dos torcedores de clubes do País, os presentes nas partidas da Copa América são muito mais reativos à atuação do time do que protagonistas em ditar o ritmo do jogo.
Se o time joga mal ou abaixo do esperado pelo público, como no primeiro tempo contra a Bolívia, ouve vaias das arquibancadas. Por outro lado, se faz três gols em 30 minutos no Peru, com um futebol digno da história da camisa amarelinha, os torcedores vão vibrar, aplaudir e gritar "olé" nas trocas de passes da equipe.
No jogo do Morumbi, o preço médio do ingresso custou R$ 485. Na Arena Corinthians, o valor foi mais baixo: R$ 236. Ainda assim, estava muito caro para a realidade brasileira e para o torcedor comum, mais acostumado a frequentar estádios - embora o processo de elitização no futebol com arenas modernas já venha afastando há alguns anos a parcela mais pobre.
Contra a Bolívia, pagaram ingresso 46.342 mil pessoas, que vaiaram o time após um primeiro tempo sem gols e aplaudiram os 3 a 0 ao final do jogo. Em Itaquera, na goleada por 5 a 0 no Peru, o público pagante foi de 42.317. Nesse caso, as vaias foram só para os peruanos, principalmente para Guerrero (ex-Corinthians) e Cueva (ex-São Paulo). A capacidade total do Morumbi é de mais de 66 mil e da Arena Corinthians, de mais de 48 mil.
No geral, nas duas oportunidades, a torcida se mostrou bem mais contemplativa do que vibrante. Claro que em ataques da Seleção ou após os próprios gols os estádios pulavam de alegria. Mas, da tribuna de imprensa, a sensação era de que as comemorações e os cânticos poderiam ser mais efusivos e emocionados, principalmente após o baile sobre o Peru.
Contudo, é preciso destacar uma pequena parcela presente na Arena Corinthians que parecia destoar do restante. Ao fim do jogo, quando o Brasil já vencia por cinco, torcedores atrás dos dois gols chamaram a atenção.
À direita das cabines de transmissão, um grupo batucava e tentava puxar gritos e paródias de músicas comuns nos estádios. O resto da Arena não acompanhou, mas, sem dúvida, foi possível ouvir a cantoria do campo
Já a torcida atrás do gol à esquerda protagonizou um protesto. Com sinalizadores e uma faixa amarela com os dizeres "Ingresso facada", os organizadores criticavam os altos preços das entradas para os jogos da competição. Foi rápido e concentrado, mas não passou despercebido. Apesar de minoria no estádio, os dois grupos tentaram mostrar que a torcida brasileira pode ir além do já tradicional canto "Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor".
Veja também: