Adversária do Brasil no Grupo F, a Seleção Francesa chega à Copa do Mundo 2023 após enfrentar uma das maiores crises de sua história. Depois de sediar o mundial de 2019 e ser eliminada nas quartas de final para os Estados Unidos, a equipe francesa não conseguiu alinhar seus objetivos, o que resultou em uma crise pública no início deste ano.
A bomba estourou quando a capitã e principal jogadora da equipe, Wendie Renard, foi a público e anunciou que não jogaria mais pela equipe. No comunicado, a atleta afirmou que não concordava com o “sistema atual”, comandado pela técnina Corinne Deacon.
‘‘Amo a França mais que tudo, não sou perfeita, longe disso, mas não posso mais apoiar o sistema atual, que está longe dos requisitos dos mais altos níveis. É um dia triste, mas necessário para preservar minha saúde mental. É com o coração pesado que venho informar minha decisão de deixar a Seleção Francesa’’, explicou.
Merci pour votre soutien et le respect de ma décision. 🇫🇷 pic.twitter.com/MOryINwvb0
— Wendie Renard (@WRenard) February 24, 2023
Após o boicote da capitã, as atletas Kadidiatou Diani e Marie-Antoinette Katoto também anunciaram a aposentadoria da Seleção. Katoto deixou claro que só voltaria a jogar pela equipe se mudanças fossem feitas: "Não estou de acordo com os valores transmitidos pela Seleção Francesa. Tomo, portanto, a decisão de suspender minha carreira na seleção até que as mudanças necessárias sejam aplicadas."
Os problemas entre Corinne e as atletas aconteciam há tempos. A técnica tinha atitudes que desagradavam o elenco, costumava criticar as jogadoras em público, além de tomar decisões sem embasamento, como tirar a braçadeira de capitã de Renard em 2017, e só devolver quatro anos depois, em 2021.
Renard chegou a contar em seu livro, publicado em 2019, um episódio em que Corinne disse que ela não possuía nem 40% do preparo necessário para ser uma capitã.
Além disso, outras ações somavam ao descontentamento do time, como deixar Katoto fora da Copa do Mundo de 2019, mesmo a atacante sendo artilheira da Liga Francesa. Em 2020 a goleira Sarah Bouhaddi já havia decidido se desligar da Seleção por causa de Diacre.
Demissão
Após o protesto público das atletas e a impopularidade crescente entre os torcedores, a Federação Francesa de Futebol (FFF) montou um comitê para analisar a situação. Em março, a Federação afirmou que o caso gerou “disfunções irreversíveis” e decidiu demitir a técnica. Ela estava no cargo desde 2017 e tinha contrato até os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024.
Em nota, a entidade afirmou: “Foi constatada uma fratura muito importante com jogadoras fundamentais e esclarecida uma lacuna com as exigências do mais alto nível. Parece que as disfunções constatadas, neste contexto, são irreversíveis.”
Além disso, o comunicado também alertou as atletas, afirmando que “o modo usado pelas jogadoras para expressar suas críticas não será aceito no futuro”.
Novo técnico e retorno de atletas
Dia 30 de março, a FFF já havia escolhido o novo técnico. Hervé Renard, ex- técnico da Arábia Saudita na Copa do Qatar, foi anunciado no comando da Seleção até os Jogos Olímpicos de 2024.
Conhecido por ser especialista em seleções, esta é a primeira vez que Renard comanda uma equipe feminina. Apesar disso, o técnico chegou decidido e trouxe Wendie e Diani de volta para Seleção e garantiu a braçadeira de capitã à zagueira. Outro nome que chamou atenção é o da atacante Eugénie Le Sommer, que não era convocada pela antiga treinadora desde abril de 2021.
Em coletiva o técnico afirmou que os problemas estão no passado. “Fecho a cortina como se nada tivesse acontecido. Meu trabalho e objetivo é colocar essa equipe no caminho certo”.
Katoto, que apoiou o boicote no começo, não irá para Copa pois está se recuperando de lesão. Veja a lista:
Direction l’Australie 🦘🌏
Les 2️⃣6️⃣ Bleues appelées pour la 𝐂𝐨𝐮𝐩𝐞 𝐝𝐮 𝐌𝐨𝐧𝐝𝐞 🏆 #FiersdetreBleues pic.twitter.com/JIi3Z5YVJc
— Equipe de France Féminine (@equipedefranceF) June 6, 2023