A Inglaterra está na final da Copa do Mundo Feminina da FIFA pela primeira vez. Nesta quarta-feira, ao bater a Austrália por 3 a 1, as Leoas se tornaram o segundo time da história a eliminar o país-sede em uma semifinal, feito que a Alemanha havia conseguido diante dos Estados Unidos em 2003 (3x0).
Lideradas pela experiente Lucy Bronze, que empatou com Jill Scott como a jogadora com mais partidas como titular pela seleção inglesa na história dos Mundiais femininos (19), as Leoas finalmente quebraram a barreira das semifinais. Nas duas edições anteriores da competição, a Inglaterra havia sido eliminada a um jogo da final, com derrotas por 2x1 para Japão e Estados Unidos.
De quebra, as inglesas se mantiveram invictas contra anfitriãs em Mundiais, tendo derrotado também o Canadá por 2x1 nas quartas de final de 2015 – inclusive, com gol da vitória de Lucy Bronze.
Pelo lado derrotado, a Austrália fica com a melhor campanha de sua história na Copa do Mundo feminina, convertendo-se também no segundo país-sede a terminar entre os quatro primeiros, depois dos Estados Unidos (duas vezes, em 1999 e 2003).
Inglaterra fura sólida defesa da Austrália no primeiro tempo
O jogo teve a Inglaterra dominando as ações e a Austrália buscando o contragolpe. A primeira etapa terminou com 67% de posse de bola para as inglesas contra 33% das australianas. O domínio inglês era convertido em finalizações: foram seis logo nos primeiros 20 minutos.
As donas da casa tiveram dificuldade para levar perigo ao gol. A primeira finalização do país-sede na partida veio aos 28 minutos, o arremate inaugural mais tardio da Austrália nesta Copa. Sam Kerr até teve uma chance de perigo antes desse momento, mas anulada por impedimento.
Aos 35, Ella Toone acertou uma finalização no ângulo e abriu o placar para as inglesas. E só com um chutaço para quebrar a defesa australiana, que não havia sofrido gols nos últimos três jogos desse Mundial – foram 354 minutos das Matildas sem serem vazadas.
Toone se tornou a primeira jogadora inglesa, seja no feminino ou masculino, a balançar as redes em fases de quartas de final, semifinal e final em grandes torneios internacionais (Copa do Mundo e Eurocopa).
E abrir o placar foi uma ótima notícia para a Inglaterra: agora, as Leoas estão invictas nos 19 jogos de Mundial nos quais saíram na frente no marcador (17V 2E), tendo vencido os últimos 13.
Sam Kerr coloca a Austrália no jogo
No segundo tempo, a Austrália respondeu à sua maneira. Em escapada rápida, Sam Kerr finalizou a uma distância de 30 metros da baliza e anotou um golaço para empatar. Foi o gol mais distante anotado a favor de uma equipe no mata-mata da Copa do Mundo Feminina da FIFA de 2023 – houve um gol contra cuja origem foi a 45 metros do arco em Espanha x Suíça, nas oitavas.
Kerr chegou ao seu sexto gol em Copas do Mundo, ultrapassando Kyah Simmons (5) e ficando atrás apenas de Lisa De Vanna (7) na lista de maiores artilheiras australianas na competição. Seus cinco tentos anteriores tinham sido anotados na edição 2019 do Mundial.
Em 2023, Kerr sofreu com lesões e chegou na semifinal com apenas 75 minutos em campo no torneio (10 contra a Dinamarca nas oitavas, 65 contra a França nas quartas). Diante da Inglaterra, ela foi titular e a jogadora mais ativa de sua seleção.
Ela terminou a partida com seis finalizações, sua segunda maior marca em um jogo de Mundial (atrás das nove contra a Jamaica em 2019). A camisa 20 liderou a Austrália nesta semifinal em finalizações (6), finalizações no alvo (2), ações com bola na área rival (7), duelos individuais vencidos (9), duelos aéreos vencidos (6) e faltas sofridas (3).
Artilheiras decidem para a Inglaterra
No entanto, a alegria das anfitriãs durou pouco. Apenas oito minutos após o empate, aos 26, Lauren Hemp aproveitou erro da defesa rival e fez o 2x1, consolidando-se como a artilheira inglesa na competição, com três gols (empatada com Lauren James e Alessia Russo). Aliás, os três tentos da atacante nos últimos quatro jogos da Copa são o mesmo número que ela havia marcado em suas 19 partidas anteriores pelas Leoas em todas as competições.
Uma das outras duas artilheiras inglesas no Mundial alcançou seu terceiro gol justamente nesta semifinal, aos 41 minutos. Em finalização cruzada, Alessia Russo colocou o definitivo 3x1 no placar e chegou ao seu sétimo gol em grandes competições pela Inglaterra (Copa do Mundo e Eurocopa), a terceira maior marca da história de sua seleção (atrás de Ellen White, com 10, e Fara Williams, com oito).
Russo liderou a Inglaterra nesta semifinal em finalizações (5), ações com bola na área rival (6), dribles tentados (6) e completados (3) e duelos aéreos vencidos (3). Ela chega para a final como a jogadora inglesa que mais finalizou (22), acertou o alvo (12) e realizou ações na área rival (36) neste Mundial.
Agora, a Inglaterra decidirá o título de campeã mundial com a Espanha, outra seleção que alcança a final pela primeira vez. Esta será a primeira decisão com dois países que nunca tinham chegado em final de Copa do Mundo Feminina da FIFA desde a edição inaugural, em 1991, quando Estados Unidos e Noruega se enfrentaram.
As espanholas têm o melhor ataque da competição (17 gols), ao passo que a Inglaterra possui o terceiro (13). Ambas já fazem suas melhores campanhas também em termos de gols marcados em Mundiais (no caso da Inglaterra, empatada com a edição de 2019).
De acordo com o supercomputador da Opta, a Inglaterra tem leve favoritismo: 57,7% de chances de ser campeã, contra 42,3% da Espanha.