O cenário para as mulheres no esporte tem se ampliado, mas ainda é um processo lento, especialmente para as que atuam à beira do gramado. Sarina Wiegman, da Inglaterra, está entre as 12 representantes de um torneio que começou com 32 treinadores. Entre as semifinalistas, ela é a única mulher.
Das oito edições realizadas até agora, a Copa foi conquistada quatro vezes por mulheres. Jill Ellis tem dois com os EUA (2015 e 2019) e Tina Theune e Silvia Neid, pela Alemanha (2003 e 2007), respectivamente.
Os últimos três ouros olímpicos também foram garantidos por mulheres (Bev Priestman com o Canadá, Silvia Neid pela Alemanha e Pia Sundhage com os Estados Unidos).
Na Copa da França de 2019, eram nove mulheres em 24 times. Na Inglaterra, cinco dos 12 times na liga nacional terminaram a temporada com mulheres no comando técnico.
"Esperamos ter mais mulheres treinadoras em alto nível, para ficar melhor do que está agora. Claro que homens são bem-vindos, alguns fazem bons trabalhos, mas se for mais equilibrado vai inspirar mais mulheres a treinarem e se envolverem", falou Sarina.
As mulheres da Copa da Austrália e Nova Zelândia
As treinadoras neste Mundial foram: Pia Sundhage (Brasil), Sarina Wiegman (Inglaterra), Martina Voss-Tecklenburg (Alemanha), Bev Priestman (Canadá), Inka Grings (Suíça), Milena Bertolini (Itália), Amelia Valverde (Costa Rica), Desirre Ellis (África do Sul), Hege Riise (Noruega), Jitka Klinkova (Nova Zelândia), Vera Pauw (Irlanda) e Shui Qingxia (China).
Shui Qingxia se tornou neste ano a primeira mulher a treinar a seleção chinesa. Ela foi jogadora na primeira edição do mundial em 1991.
"O que esperamos é que a gente tenha mais equilíbrio no futuro, e estamos trabalhando nisso, pelo menos na Inglaterra. Sei que em muitos outros países também, para dar oportunidades de ter mais mulheres em campo e espero que também mais treinadores no jogo", cobrou a bicampeã europeia.
Sarina praticou esporte quando pequena, e precisou cortar o cabelo para poder praticar esportes com o irmão gêmeo, durante a infância na Holanda. Na adolescência ela foi para os Estados Unidos e passou a ter contato com o futebol, mas encontrou dificuldades para atuar na área, quando retornou para a Holanda.
Foi campeã nacional com o Ter Leede e o ADO Den Haag Homen na Holanda, antes de se tornar técnica da seleção do seu país. Começou como assistente em 2014 e somente em 2017 assumiu o cargo principal, quando foi campeã da Eurocopa.
Finalista da Copa em 2019, Sarina chegou à seleção inglesa em setembro de 2021. Ano passado levou a seleção ao título da Euro.
Agora, ela pode levar a Inglaterra ao título mundial. As adversárias são as anfitriãs que também buscam o primeiro título de Copa do Mundo.