A Seleção Brasileira convenceu na primeira partida do Mundial. A vitória por 4 a 0 diante do Panamá demostrou o estilo de jogo imposto pela técnica Pia Sundhage, desde a sua chegada ao Brasil, em 2019.
No seu estilo de treinamento, a sueca utiliza palavras que são mecanismos para as atletas se manterem ligadas durante os 90 minutos de jogo. Popcorn time e super subs são algumas das expressões que Pia trouxe com ela, além de enfatizar em português algumas palavras como juntas, vigilância, desafia as linhas e compactação.
“Esses termos eu venho mencionando há quatro anos. Compactação, vigilância. Acho que as jogadoras mostraram que respeitamos o Panamá. Jogamos bem defensivamente, a Rafaelle foi muito bem. Falamos muito sobre posição. Chega uma hora que você consegue executar se você repete”, explicou Pia na coletiva pós-jogo.
O ‘dicionário da Pia’ serve para corrigir as principais deficiências da seleção, que foram observadas durante esses quatro anos de trabalho.
Popcorn time: Hora da pipoca – expressão utilizada para chamar a atenção do time, no momento em que as atletas começam a relaxar no jogo, resultando em reação para as adversárias. Essa é uma das principais deficiências trabalhadas pela comissão técnica.
Trabalhado durante o período em que Pia treinou os Estados Unidos, o termo serviu como alicerce da preparação das norte-americanas no caminho do tetracampeonato mundial e olímpico.
Depois da partida contra o Panamá, a lateral-esquerda Tamires comentou sobre a necessidade de concentração extrema: “Tem momentos em que a gente tem que entrar nessa concentração, entender essa responsabilidade que é vestir essa camisa. A gente precisa de todo mundo muito focado, na Copa do Mundo você não pode vacilar em nenhum momento."
Super subs: Trocar peças durante o jogo e não baixar o desempenho. Outro ponto observado pela técnica que trabalha sempre o aspecto de um time ser mais coletivo, e não apenas formado por 11 titulares.
Mesmo com o placar em vantagem, a seleção não perdeu o ritmo quando Pia fez substituições, com as entradas de Bruninha, Geyse, Gabi Nunes, Duda Sampaio e Marta.
“Fiquei muito impressionada porque as meninas entraram muito bem, mudando o jogo. A gente tem super subs que entram e mudam o jogo. Ela sempre pediu, é muito importante para todas nós entender que sempre vão começar 11, mas nunca são as mesmas que vão terminar. Isso mostra que o grupo todo tem importância. Se a gente ver os resultados nos grandes jogos, são as super subs que fazem a diferença”, exemplificou a meia-atacante Kerolin.
Juntas, compactação, desafiar as linhas: As palavras em português mais utilizadas na ‘era Pia’, valorizam o jogo tático e disciplina em campo. “Se você olhar, o Panamá é muito ofensivo, mas as nossas linhas estavam o tempo todo ligadas, a gente ganhando as segundas bolas, sabendo explorar os espaços no campo”, analisou Tamires.
Um dos setores que mais evoluiu nas mãos da sueca é o meio de campo. Com a compactação e leitura tática, as brasileiras mostraram contra o Panamá, criatividade ofensiva e segurança defensiva no setor.
“Para mim é uma posição nova, eu encarei com muita seriedade. É uma posição muito importante, que exige muita atenção a todo momento. Mas também gostei muito, porque é uma posição em que a bola passa nos meus pés a todo o momento. É continuar com os pés no chão e entender cada vez mais quem está do seu lado para continuar fazendo um bom trabalho”, completou Kerolin.
Líder do grupo F, o Brasil soma três pontos e volta a campo contra a França no sábado (29), em Brisbane, às 7h de Brasília.