O atacante Dudu, hoje no Cruzeiro, se juntou à campanha encabeçada por Neymar Jr contra os gramados sintéticos em estádios brasileiros. O ex-camisa 7 do Palmeiras é o primeiro, entre os jogadores que deram voz ao debate, a ter atuado por um clube que adota o campo artificial.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Hoje crítico à grama artificial, Dudu elogiou publicamente a tecnologia em 2020, à época em que foi instalada no Allianz Parque. Internautas --principalmente palmeirenses-- resgataram o posicionamento do atacante e apontaram contradições entre suas falas.
Em uma entrevista coletiva feita no dia 18 de fevereiro de 2020, pouco após a instalação da grama sintética no estádio do time alviverde, o jogador foi questionado sobre o campo e exaltou o então novo gramado.
"Particularmente, gosto bastante. Eu já tinha comentado bem antes com o pessoal do Palmeiras que poderia fazer a grama como é a do Athletico-PR. Sempre gostei de jogar lá no campo deles porque deixa o jogo rápido. Para nós, ali na frente, isso é bem importante, já não é tão bom para os nossos zagueiros", disse à imprensa, entre risos.
Na ocasião, o atacante citou a Arena da Baixada, casa do Furacão em Curitiba (PR) e primeiro estádio, entre os utilizados nas competições da Confedereção Brasileira de Futebol (CBF), a ser homologado para uso da grama sintética.
Desde a instalação do gramado artificial no estádio paulistano, Dudu conquistou uma Libertadores, duas vezes o Campeonato Brasileiro e o Campeonato Paulista, Recopa Sul-Americana e a Supercopa do Brasil. A passagem também ficou marcada por uma grave lesão no joelho, com a ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA), em 2023. Ele não chegou a citar a grama como causa do incidente.
Internautas apontam contradições
Nesta terça-feira, 18, o atacante se juntou a nomes como Lucas Moura, Philippe Coutinho e Gabigol e passou a atacar o gramado sintético. "A solução para um gramado ruim é fazer um gramado bom, simples assim. Futebol é natural, não sintético", diz parte do posicionamento da campanha movida por Neymar.
A manifestação se deu por meio de uma publicação nas redes sociais do camisa 7. Internautas, em grande maioria palmeirenses, não aprovaram o discurso de Dudu contra a tecnologia.
Entre os comentários, um seguidor replicou a notícia em que o atacante elogiou o gramado artificial. Outros, no entanto, foram mais incisivos: "Devolve os títulos que ganhou jogando no sintético".
"Quando ganhava 2 milhões por mês sem jogar, não reclamava né, sabidão?", alfinetou um torcedor. Outro questionou a longevidade da carreira do atacante: "Aposentado... Ganhou inúmeros títulos no campo que usa sintético... Joelho 'tá' ruim? Só parar".
Após a movimentação dos jogadores, o Palmeiras classificou as manifestações como 'críticas rasas e sem base científica', além de reforçar que o gramado possui certificação da Fifa.
Entenda o movimento contra o gramado sintético
A publicação dos jogadores foi acompanhada de uma imagem comparado um campo tradicional com outro sintético, acompanhada da frase "futebol é natural, não sintético" e a hashtag #NãoAoGramadoSintético reforçam o mote da campanha.
Os principais estádios do País que fazem uso do gramado sintético são Allianz Parque, em São Paulo; Nilton Santos, no Rio; e Ligga Arena, em Curitiba, casas de Palmeiras, Botafogo e Athletico Paranaense, respectivamente. Cada local usa um tipo diferente de material e todos possuem o certificado de qualidade da Fifa. Entre os motivos pelos quais os clubes adotaram o sintético está a quantidade de eventos que os estádios recebem ao longo do ano.
O Mercado Livre Arena Pacaembu, na capital paulista, também dispõe de campo sintético. Por sua vez, o Atlético-MG estuda adotar o gramado artificial após receber duras críticas pela má qualidade do campo da Arena MRV, em Belo Horizonte. Outros estádios, como Mineirão, Mané Garrincha e Maracanã, foram alvos de desdém de atletas ao longo da última temporada pelas condições ruins de jogo.
Em contrapartida, os atletas colocam em xeque a qualidade do piso artificial. "Objetivamente, com tamanho e representatividade que tem o nosso futebol, isso não deveria nem ser uma opção. A solução para um gramado ruim é fazer um gramado bom, simples assim", escreveram.
Os jogadores também exigem serem consultados: "Nas ligas mais respeitadas do mundo os jogadores são ouvidos e investimentos são feitos para assegurar a qualidade do gramado nos estádios. Trata-se de oferecer qualidade para quem joga e assiste".
Para os atletas que se manifestaram, a medida de adotar apenas o gramado natural é essencial para o futebol brasileiro estar entre as principais do mundo. "Se o Brasil deseja definitivamente estar inserido como protagonista no mercado do futebol mundial, a primeira medida deveria ser exigir qualidade do piso que os atletas jogam e treinam", finalizaram