Del Nero isola Marin, mas nome de dirigente segue gravado

29 mai 2015 - 14h35
(atualizado às 15h11)

Pressionado pelo escândalo da prisão de José Maria Marin, o atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, tenta tirar a entidade do centro da tempestade. Após garantir que não tem envolvimento algum na assinatura dos contratos da administração anterior, que são alvo de investigação gerenciada pelo FBI, Del Nero tirou o nome de Marin da fachada da CBF como forma de apaziguar a situação, mas o dirigente segue "homenageado" no salão.

"A função do vice-presidente é colaborar naquilo que o presidente solicita. Tudo que ele solicitava que eu fizesse, eu fazia", discursa Del Nero, referindo-se aos três anos em que serviu Marin na alta cúpula da CBF. "Não assinei nenhum contrato na administração do presidente Marin."

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Del Nero se defende de acusações: "não tinha conhecimento"
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O ex-presidente da CBF é acusado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos por envolvimento em dois crimes. Ele teria recebido suborno de R$ 15 milhões da empresa uruguaia Datisa, sócia da Traffic. A negociação envolvia a compra de direitos de transmissão de três edições da Copa América, além da Copa América do Centenário, que será em 2016. O acordo teria sido feito em maio de 2013, quando Marin era então presidente da CBF.

A outra denúncia também é sobre pagamento de propina, na venda de direitos de transmissão da Copa do Brasil. A transação teria ocorrido em agosto de 2012, envolvendo a Traffic e outra empresa de marketing esportivo não identificada. O acerto previa pagamento de R$ 2 milhões anuais para Marin e outros supostos envolvidos.

"Não existe renúncia comigo", afirma Del Nero sobre CBF
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Mas as acusações não fazem do cartola preso um condenado, defende o advogado Marco Polo Del Nero. O atual presidente deixa subentendido que, por ele, o antecessor não estaria banido da entidade antes de ser julgado. "É triste. A gente presta solidariedade ao ser humano, amigo. Mas na função de presidente da CBF tem que tomar as providências necessárias. Estou muito chateado, perplexo, mas tenho de exercer a função em favor da CBF", pondera, responsabilizando a Fifa pelo banimento de Marin do quadro da confederação nacional.

"Uma pessoa só é considerada culpada após o trâmite em que for julgada. Mas recebemos tarefa da Fifa, que é uma entidade soberana, no sentido de banir o vice-presidente. Estamos seguindo a decisão da Fifa", explica.

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Detido em Zurique na última quarta-feira, José Maria Marin segue preso em solo europeu até ser extraditado para os Estados Unidos. Ele deve ser julgado em Nova Iorque com a defesa prestada pela Conmebol, mas a CBF estuda também prestar assessoria jurídica. "É um assunto que vai ser discutido pela diretoria, temos que esperar os acontecimentos", diz Del Nero.

Em dourado, nome de Marin segue estampado no salão principal do prédio da CBF

Inauguração de placa com o nome de José Maria Marin contou com a presença do próprio dirigente e de Del Nero
Inauguração de placa com o nome de José Maria Marin contou com a presença do próprio dirigente e de Del Nero
Foto: Ricardo Stuckert/CBF / Divulgação

Após Marco Polo Del Nero ordenar a retirada do nome de José Maria Marin da fachada da sede da CBF, na última quinta, como forma de negar qualquer respaldo às ações corruptivas do ex-presidente, o dirigente segue sendo "homeanegeado" na principal entidade do futebol nacional, mas agora do lado de dentro.

No salão principal do prédio, é possível ver, em letras grossas e douradas, o nome de José Maria Marin gravado em mármore. Del Nero, inclusive, deixou claro que, assim que esclarecido o ocorrido e provada a inocência de Marin, o nome do ex-presidente seria recolocado na fachada.

Foto: AFP
Gazeta Esportiva
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