O afastamento de Rogério Caboclo da presidência da CBF por 21 meses deixou o interino Ednaldo Rodrigues no comando da entidade, por enquanto. Por trás desse tabuleiro de xadrez que se tornou a disputa de poder na confederação, há ainda o carimbo de Marco Polo Del Nero, excluído do futebol pela Fifa até 2037, acusado de corrupção.
Del Nero planeja uma nova manobra que faça o coronel Antônio Nunes voltar à presidência da CBF – estava no cargo como interino até 35 dias atrás. Se essa estratégia falhar, haveria o plano 'B' – apoiar Gustavo Feijó. Os dois em questão são vice-presidentes da CBF.
O coronel Nunes é conhecido na entidade como "marionete" de Del Nero. Feijó, alvo de uma série de investigações pela Justiça de Alagoas, é um dos maiores aliados do ex-dirigente que foi punido pela Fifa e diz contar com o lobby de deputados e senadores – um deles seria Renan Calheiros (MDB-AL) - para atingir seu objetivo.
Nesta quarta (29), assembleia com as 27 federações de futebol aprovou parecer do Comitê de Ética da CBF, afastando Caboclo da presidência por 21 meses – a acusação contra ele é de assédio sexual e moral contra uma funcionária da casa, o que o dirigente nega. Caboclo se diz vítima de um golpe arquitetado por Del Nero.
Há ainda outros dois processos em análise pelo comitê, também sobre assédio, contra Caboclo. Se ele receber pelo menos mais um mês de suspensão, a soma do período de afastamento ultrapassaria o mês do término do seu mandato, que vai se dar em abril de 2023.
Dessa forma, uma eleição seria convocada, podendo nela concorrer apenas os vices, e na qual votariam as federações e os 40 clubes das Séries A e B. Nunes e Feijó, sob as orientações de Del Nero, entrariam na disputa, ou com candidaturas separadas, mas em sintonia, ou com um apoiando o outro.