Mesmo banido do futebol pela Fifa, Marco Polo Del Nero quer se manter no topo do esporte mais popular do País. Agora, quer fazer de Gustavo Feijó o novo presidente da CBF. Se insistir nesse projeto, poderá sofrer outra derrota. Várias federações estaduais ameaçam adotar represálias se o nome de Feijó continuar avalizado por Del Nero. Isso significa que votariam pela volta de Rogério Caboclo ao posto máximo da CBF.
O Terra ouviu presidentes de quatro federações. Por unanimidade, disseram que não aceitam a indicação de Feijó. Deixaram claro também que essa é a posição de pelo menos 13 das 27 entidades estaduais.
Para entender a CBF é preciso ser bem didático. Dois nomes figuram no alto da sua pirâmide: Del Nero e Caboclo. O primeiro ocupava a presidência até ser punido pela Fifa em 2018, por acusações de corrupção. Ainda assim, continuou com o controle parcial da entidade e faz de tudo para não perder esse poder. Rogério Caboclo é o presidente afastado, após acusação de ter assediado sexual e moralmente uma funcionária da casa.
Del Nero e Caboclo eram aliados e foi o banido que escolheu o sucessor. Mas, ultimamente, romperam relações por falta de afinidades em questões comerciais da confederação. A partir de então, Del Nero começou a fazer oposição ferrenha ao ex-amigo.
Antes disso, Caboclo integrava a diretoria da CBF como braço-direito de Del Nero e, ao ser eleito, manteve praticamente todos os diretores no cargo – homens da confiança do banido.
Nessa arena de vaidades, há também o presidente interino, o folclórico coronel reformado da PM do Pará, Antônio Nunes, para quem Yago Pikachu, hoje no Fortaleza, é o melhor jogador de futebol do Brasil. Nunes é conhecido na CBF como marionete de Del Nero, totalmente subserviente ao banido pela Fifa.
Faz parte do time o vice-presidente Gustavo Feijó, figura não menos polêmica, colecionador de uma penca de processos, como réu, na Justiça de Alagoas, a quem foi delegada recentemente (por determinação de Del Nero a Nunes) a responsabilidade de cuidar das seleções da CBF (masculina, feminina e olímpica) e de criar um ambiente para a demissão do técnico Tite, da seleção principal, conforme a reportagem do Terra apurou.
A CBF tem ao todo oito vice-presidentes e um deles vai ser escolhido por seus pares para comandar a entidade até o fim do mandato da atual diretoria, que vai se dar em 2023, caso Caboclo seja afastado definitivamente do cargo.
A questão é que a exclusão de Caboclo depende do resultado de uma assembleia na qual só as federações têm direito a voto. Se ele obtiver o apoio de pelo menos sete dessas entidades, volta a ocupar a presidência. Hoje, não teria esse número mínimo. Mas com a opção de Del Nero de ser cabo eleitoral de Feijó, várias outras federações passariam para o lado de Caboclo.