Del Nero quer Feijó presidente da CBF; federações reagem

Disputa política na confederação pode favorecer Rogério Caboclo

17 ago 2021 - 10h56
(atualizado às 14h49)

Mesmo banido do futebol pela Fifa, Marco Polo Del Nero quer se manter no topo do esporte mais popular do País. Agora, quer fazer de Gustavo Feijó o novo presidente da CBF. Se insistir nesse projeto, poderá sofrer outra derrota. Várias federações estaduais ameaçam adotar represálias se o nome de Feijó continuar avalizado por Del Nero. Isso significa que votariam pela volta de Rogério Caboclo ao posto máximo da CBF.

O Terra ouviu presidentes de quatro federações. Por unanimidade, disseram que não aceitam a indicação de Feijó. Deixaram claro também que essa é a posição de pelo menos 13 das 27 entidades estaduais.

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CBF está em polvorosa por causa de disputa política
CBF está em polvorosa por causa de disputa política
Foto: Sílvio Alves Barsetti

Para entender a CBF é preciso ser bem didático. Dois nomes figuram no alto da sua pirâmide: Del Nero e Caboclo. O primeiro ocupava a presidência até ser punido pela Fifa em 2018, por acusações de corrupção. Ainda assim, continuou com o controle parcial da entidade e faz de tudo para não perder esse poder. Rogério Caboclo é o presidente afastado, após acusação de ter assediado sexual e moralmente uma funcionária da casa.

Del Nero e Caboclo eram aliados e foi o banido que escolheu o sucessor. Mas, ultimamente, romperam relações por falta de afinidades em questões comerciais da confederação. A partir de então, Del Nero começou a fazer oposição ferrenha ao ex-amigo.

Antes disso, Caboclo integrava a diretoria da CBF como braço-direito de Del Nero e, ao ser eleito, manteve praticamente todos os diretores no cargo – homens da confiança do banido.

Nessa arena de vaidades, há também o presidente interino, o folclórico coronel reformado da PM do Pará, Antônio Nunes, para quem Yago Pikachu, hoje no Fortaleza, é o melhor jogador de futebol do Brasil. Nunes é conhecido na CBF como marionete de Del Nero, totalmente subserviente ao banido pela Fifa.

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Faz parte do time o vice-presidente Gustavo Feijó, figura não menos polêmica, colecionador de uma penca de processos, como réu, na Justiça de Alagoas, a quem foi delegada recentemente (por determinação de Del Nero a Nunes) a responsabilidade de cuidar das seleções da CBF (masculina, feminina e olímpica) e de criar um ambiente para a demissão do técnico Tite, da seleção principal, conforme a reportagem do Terra apurou.

A CBF tem ao todo oito vice-presidentes e um deles vai ser escolhido por seus pares para comandar a entidade até o fim do mandato da atual diretoria, que vai se dar em 2023, caso Caboclo seja afastado definitivamente do cargo.

A questão é que a exclusão de Caboclo depende do resultado de uma assembleia na qual só as federações têm direito a voto. Se ele obtiver o apoio de pelo menos sete dessas entidades, volta a ocupar a presidência. Hoje, não teria esse número mínimo. Mas com a opção de Del Nero de ser cabo eleitoral de Feijó, várias outras federações passariam para o lado de Caboclo.

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