A luta pelo poder revolve os bastidores da CBF e traz à luz uma improvável aliança, que havia sofrido ruptura, agora deixada de lado. Banido do futebol pela Fifa, Marco Polo Del Nero mantém o controle da entidade, a partir de sua cobertura-gabinete na Barra da Tijuca, a menos de três quilômetros da sede da entidade, e se juntou a Ricardo Teixeira para impedir que Rogério Caboclo volte à presidência.
Del Nero e Teixeira envolveram-se em escândalos de corrupção anos atrás, foram indiciados pela justiça dos EUA e não podem deixar o Brasil, sob risco de serem presos pelas autoridades daquele país. O primeiro sofreu ainda a sanção máxima da Fifa – foi banido do futebol em 2018. Ambos negam as acusações de ilicitudes.
Estavam sem se falar e agiam em direções opostas nos últimos meses. Mas, diante do afastamento de Caboclo, acusado de assédio sexual e moral na entidade, a dupla viu a oportunidade de se unir para defender interesses que os mantêm ligados à CBF.
Na prática, os dois tentam exercer sua influência para convencer presidentes de federações estaduais a votarem pelo afastamento definitivo de Caboclo – os contatos com esses dirigentes se intensificaram bastante na última semana. O cenário na CBF é de indefinição, mas tudo leva a crer que uma Assembleia Geral Administrativa será convocada, como reza o estatuto, para decidir os rumos da confederação.
Essa assembleia contempla apenas os votos das 27 federações e é preciso que Caboclo conte com o apoio de oito delas para se livrar de eventual punição proposta pelo Comitê de Ética da CBF, que determinou o seu afastamento do cargo por 30 dias em 6 de junho.