A polêmica entre Corinthians e Jô por causa da cor da chuteira que o atacante utilizou no jogo da última rodada do Brasileiro, em que o time paulista empatou com o Bahia por 0 a 0, fora de casa, não teria ocorrido se isso dependesse de Romário. O tetracampeão mundial teve uma rápida passagem como dirigente do America, em 2009, e uma de suas principais determinações durante aquela experiência era que ninguém usaria chuteiras de cores diferentes no seu clube de coração.
Se Jô calçou um par na cor verde, como alegou o Corinthians, e que ele diz ser azul-turquesa, ninguém ainda sabe ao certo. Mas, para evitar novos incidentes similares, bastaria seguir a atitude tomada por Romário no America.
Naquele ano, quando o clube disputava pela primeira vez a Série B do Rio, Romário era quem tinha relação direta com os jogadores. Tratava do salário deles, adiantava alguns “vales” e dava seus palpites para o técnico na hora da escalação. Combatia o estrelismo no grupo. Dizia que não admitiria isso.
Numa tarde, em que os jogadores faziam atividade na piscina, Romário foi ao vestiário com uma lata de tinta preta e um pincel. Já tinha combinado com o roupeiro para que separasse todas as chuteiras de outras cores. Em minutos, ele padronizou tudo. O que era verde, azul-turquesa, lilás, amarelo ou vermelho, ficou preto, sem direito a listras brancas.
Ao saber da decisão, alguns jogadores reagiram com incredulidade. Mas nenhum deles contestou o ex-craque. Com todos de chuteiras pretas, o America se impôs na competição e ganhou o campeonato.