Uma falsa médica, de 44 anos, foi presa em flagrante em um imóvel no bairro Jardim Santa Rosa, em Campinas, no interior de São Paulo. Simone Martins Ferreira estava realizando um atendimento a domicílio a um idoso de 88 anos quando foi surpreendida pelos policiais.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou ao Terra que receitas falsas, medidores de pressão, carimbos e seringas foram apreendidos com a mulher na última segunda-feira, 22.
De acordo com informações da EPTV, afiliada da TV Globo na região, Simone foi membro da comissão técnica do Amparo Athlético Club e chegou a atuar em jogos da Segundona Paulista – referente à quarta e última divisão estadual em São Paulo.
Ela era formada em farmácia e estava credenciada na Federação Paulista de Futebol (FPF). Há pelo menos dois anos, a mulher usava o número do Conselho Regional de Medicina (CRM) de uma médica dermatologista que é professora na Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro.
Em jogos na cidade, a falsa médica cobrava R$ 700. Já em partidas em outras cidades, o preço era R$ 800. Ela também cobrava R$ 70 para fazer um exame de eletrocardiograma e R$ 50 para dar atestados.
O presidente do Amparo, Luciano Antonacci, contou à TV que a falsa médica atuava no clube desde março deste ano. No entanto, ela foi dispensada após a equipe perder um jogo do Campeonato Paulista Sub-15 por W.O (ausência de uma das equipes) devido ao atraso dela para chegar na partida.
"Eu como presidente sou responsável e estou à disposição da Polícia Civil para banir essas pessoas dos nossos meios e esclarecer também que o Amparo foi vítima", disse Antonacci. Conforme o clube, os gastos com a falsa médica chegaram a R$ 20 mil, mais a multa de R$ 5 mil da FPF pelo jogo perdido.
Além de atuar no clube de futebol, Simone atendia a domicílio na região de Campinas e chegava a cobrar até R$ 400 por consulta. A mulher ainda era contratada de uma empresa na área de saúde ocupacional desde 2020, que alertou o Conselho Regional de Medicina sobre as inconsistências nos dados.
Conforme a EPTV, a prisão em flagrante da mulher foi convertida em preventiva na terça-feira, 23, e ela foi transferida para a Cadeia Pública de Paulínia. Simone foi indiciada por exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica, estelionato, falsidade ideológica e localização/apreensão de objeto.
Posicionamento do Amparo
Após a repercussão, o presidente do Amparo Athlético Club emitiu um comunicado nas redes sociais do time. Na nota, ele disse que estava surpreso com o caso e que tomará as providências cabíveis para reparação dos danos causados ao clube. Veja a nota na íntegra:
"O Amparo Athletico Club, da cidade de Amparo/SP, na pessoa de seu Presidente Luciano Antonacci, surpreso e estarrecido com as notícias veiculadas pela mídia jornalística e televisiva da cidade de Campinas/SP na data de hoje 23/5/2023, vem a público esclarecer que foi vítima e agente passivo dos atos caracterizadores dos crimes de estelionato, falsidade ideológica e exercício ilegal da medicina praticados pela falsa médica.
Que se denominava Dra. Simone de Abreu Neves Salles, portadora de identidade também falsa com número de CRM 413855 RJ, esta que se apresentou como profissional da área médica para atendimento das demandas do clube em seus elencos das categorias de base e profissional, enganando e iludindo a boa fé tanto da Presidência e Diretoria dessa agremiação desportiva quanto às pessoas que fazem a gestão do Departamento de Futebol e empresa parceira Genios da Bola Sport Center Ltda.
O clube aduz que após apuradas todas as práticas delitivas da falsa médica antes indicada que envolveram além de outras pessoas e também esta agremiação, e após o curso da responsabilização de natureza criminal pelos órgãos competentes, tomará as providências cabíveis de natureza administrativa e cível para reparação dos danos causados pela prática delitiva trazida a conhecimento através da pessoa antes mencionada, cumprindo os devidos fins de Direito e no resgate do bom nome desta agremiação desportiva."
O Terra não localizou a defesa de Simone Martins Ferreira. O espaço segue aberto para manifestações.
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