O convite da Fifa à CBF, para que a confederação brasileira crie um escritório na sede da Federação Internacional de Futebol, na Suíça, foi só mais um passo na reaproximação das duas entidades. Havia pelo menos dez anos que a relação entre elas estava estremecida por causa de escândalos de corrupção envolvendo três ex-presidentes da CBF: Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero.
No ano passado, Rogério Caboclo, o último mandatário da CBF antes da posse de Ednaldo Rodrigues, também se viu no olho do furacão, ao ser acusado de assédio sexual e moral contra funcionários da casa, o que ele nega. Por causa das denúncias, Caboclo perdeu o cargo e deixou a situação da CBF, diante da Fifa, mais uma vez sob forte desgaste.
Eleito em março para comandar a CBF, Ednaldo já vinha recebendo atenção especial de Gianni Infantino, presidente da Fifa, desde que assumira o cargo interinamente em agosto de 2021, tão logo Caboclo fora afastado. A favor do dirigente baiano, egresso da federação de seu Estado e então um dos vices da CBF, pesam algumas de suas medidas.
O apoio incondicional de Ednaldo à criação de uma liga independente de clubes tem a aprovação total da Fifa e quebra uma regra de décadas em que a CBF se virava contra os interesses dos clubes, trabalhando nos bastidores para que eles não se organizassem.
Outra decisão do atual presidente da CBF, a de mandar publicar no site da entidade o áudio dos diálogos das cabines do VAR com os árbitros de campo, nos jogos do Brasileiro e da Copa do Brasil, também tem sido motivo de aplausos pelos corredores da Fifa e da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol).
Infantino acompanha a gestão de Ednaldo passo a passo, já o parabenizou pela política de corte de gastos excessivos e desnecessários na CBF e pela sua discrição, e sabe do protagonismo do futebol brasileiro, cuja seleção masculina ocupa o primeiro lugar no ranking mundial. No final de junho, ele deve vir ao Brasil, a convite de Ednaldo, para participar de eventos na sede da CBF – um deles sobre a formação da nova liga.
No escritório que funcionará no prédio da Fifa a partir de julho, o que foi formalizado nessa segunda-feira (30), a CBF contará com dois profissionais trabalhando permanentemente na integração das entidades, com projetos abrangentes que visam, entre outros itens, ao combate à violência e a todas as manifestações de preconceito, e ao fortalecimento do futebol de base e feminino.