Pense em um sujeito que, ao despertar, pode ser capaz de agradecer todos os dias por ter 1,69m. “Como posso ser tão alto?”, diria ele. “É um milagre?”, acrescentaria. Não se trata de um ser louco, com os valores invertidos. E sim de um gênio. Alguém que, com uma bola de futebol nos pés, é capaz de fazer aquilo que quer e que todo o planeta apenas idealiza. Tudo isto, por medir “espantosos” 1,69m.
Lionel Messi, pequeno no tamanho, mas gigante no talento, é o aniversariante desta quarta-feira, 24 de junho de 2015. Ele faz 28 anos. De dribles, passes, cruzamentos, chutes, gols... Magia. O único ser humano eleito quatro vezes seguidas o melhor jogador do mundo pela Fifa assopra velinhas enquanto tenta carregar a Argentina a um título que não é conquistado há muito tempo. Já se vão 22 anos desde que a seleção alviceleste ergueu uma taça pela última vez. Messi tinha apenas seis anos na Copa América de 1993.
O craque, tão querido pelo público, já começou a ser homenageado nesta quarta-feira por fãs e atletas nas redes sociais.
#VineFCB
Have you wished Messi happy birthday yet? Use
#Messi28
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— FC Barcelona (@FCBarcelona)
24 junho 2015
O Terra, é claro, não poderia deixar essa data passar em branco. Porém, em vez de relembrar os 582 jogos e 458 gols da carreira do camisa 10, vai contar brevemente uma história revelada pela biografia Messi, O Menino que Não Podia Crescer, de Luca Caioli, e que talvez você não saiba: o futebol por pouco não ficou sem Lionel Messi por causa da altura.
Se hoje tem 1,69m, o canhoto deve agradecer, e muito, a um tratamento que o fez “esticar” e se tornar um gigante do esporte. Messi sofreu durante praticamente toda a infância em Rosário por ter “um déficit parcial do hormônio do crescimento” – algo que afeta aproximadamente uma criança a cada 20 mil nascimentos. Doença rara.
Quando Messi se apresentava nas categorias de base do Newell’s Old Boys, por exemplo, a bola batia em seu joelho. A previsão de altura na fase adulta? 1,50m. O panorama era o pior possível, apesar do talento absurdo daquele pequeno menino. Impossível ser jogador de futebol assim.
Até que Messi e seus pais procuraram o endocrinologista argentino Diego Schwarzstein. Uma das primeiras frases do profissional já mostrou que a história do jovem mudaria dali em diante. “Fica tranquilo, um dia você vai ser mais alto que o Maradona. Não sei se melhor, mas sim mais alto”, prometeu o médico, de acordo com a agência AFP.
Para isto, Messi teria que ser submetido a um tratamento que envolveria a substituição do seu hormônio do crescimento - por meio de injeções. Algo caro – que custaria em torno de US$ 1100 por mês. Para piorar, a situação econômica da Argentina no fim da década de 1990 já era dramática. Newell’s e River Plate não toparam financiar o tratamento integral do garoto. Fim da linha? Não!
Com a ajuda de uma tia, emigrada na Catalunha, o futuro craque foi tentar a sorte no Barcelona. Ou melhor: foi dar a sorte ao Barcelona. Messi chegou ao clube aos 13 anos e encantou nos seus primeiros testes. Foi logo adotado pelo time azul-grená: teve 70% de seu tratamento pago, alcançou os 1,69m na fase adulta (quase um milagre) e estreou pela equipe profissional em 2004.
Em 1º de maio de 2005, contra o Albacete, no Camp Nou, recebeu passe de Ronaldinho Gaúcho e balançou as redes pela primeira vez na carreira. Desde então, acumulou gols, recordes, lances geniais e colocou o seu nome entre os maiores da história. Na altura, como prometeu Schwarzstein, já ultrapassou Maradona (que tem 1,65m). Para muitos, no futebol também.
Feliz aniversário, Messi! Você é um gigante.