O nome dela é, até certo ponto, simples: Corinne Diacre. Seu cargo, nem tanto. O feito? Histórico. Aos 39 anos, a francesa se tornou a primeira treinadora de um time de futebol profissional masculino em todos os tempos. Ela, entretanto, não se impressiona com isto. Séria, dedicada e comprometida, esquece que representa algo inédito na história do esporte mais tradicional do planeta e prefere focar em seu trabalho. Comandante do Clermont Foot, modesta equipe da segunda divisão francesa, busca, apenas, melhorar os resultados da temporada passada.
Diacre está à beira dos 40 anos e foi uma das principais jogadoras da história do futebol francês feminino. Integrante da seleção nacional desde os 18, a ex-defensora ajudou o país a se classificar à Copa do Mundo pela primeira vez – em 2003, com gol anotado em jogo marcante contra a Inglaterra – e foi a capitã do time por 12 anos.
Aposentou-se em 2007, e passou a treinar a equipe feminina do Soyaux. Foi campeã da primeira e da segunda divisão nacional. Nenhuma outra mulher havia conseguido isto antes. Ao mesmo tempo, atuava como auxiliar na seleção francesa feminina, comadada por Bruno Bini.
Com tanto sucesso na carreira, foi chamada há três semanas para treinar o time masculino profissional do Clermont. Tudo porque a portuguesa Helena Costa, primeira opção do presidente Claude Michy, recusou o convite. Tornou-se, assim, a primeira mulher a comandar uma equipe profissional formada somente por homens em todos tempos.
“Não é um orgulho para mim. Não vejo assim”, conta Diacre, em entrevista ao jornal espanhol El País, revelando ser uma pessoal tranquila e com os pés no chão. “Sou apenas uma treinadora a mais. No final, a única coisa que importa são os resultados”, acrescenta.
“Aqueles que pensam que o futebol feminino não se equipara ao masculino demonstram que não entendem nada deste esporte. Não há nenhuma diferença entre um treinador e uma treinadora, exceto a sua sensibilidade. O trabalho segue sendo o mesmo”, diz a mulher, que parece não medir o tamanho de ser a responsável por quebrar um paradigma que resistia há 140 anos.
“Sou muito exigente comigo mesma. Meu único objetivo é conseguir que a minha equipe, ao menos, consiga resultados melhores que o do ano passado”, decreta Corinne Diacre. Em 2013, o Clermont foi o 14º colocado da segunda divisão francesa.