A goleada do Ajax por 5 a 0 sobre o Maccabi Tel Aviv não gerou repercussão somente pelo resultado. Fora das quatro linhas, o governo de Israel enviou dois aviões para a Holanda, nesta sexta-feira (8), para repatriar cidadãos israelenses que estão em Amsterdã após torcedores da equipe terem se envolvido em brigas que terminaram na prisão de 62 pessoas e outras cinco acabaram sendo hospitalizadas.
Antes do apito inicial, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem às vítimas das enchentes que assolaram a região de Valência, na Espanha. No entanto, os torcedores israelenses não respeitam o momento e entoaram cantos preconceituosos no setor visitante da Johan Cruijff Arena. Antes de todas as partidas, a Uefa tem realizado homenagens às vítimas da tragédia, que deixou 219 pessoas mortas e outras 89 desaparecidas.
- Tomara que o IDF (Forças de Defesa de Israel) ganhe e que matem os árabes - cantaram os torcedores do Maccabi.
O canto aconteceu pelo fato da Espanha, onde fica a região afetada, ter reconhecido a Palestina como sendo um país independente. Israel está em conflito com o país e não reconhece sua independência. No entanto, a violência se transformou em agressões nas ruas.
Torcedores do Maccabi foram agredidos nas ruas de Amsterdã. Segundo a imprensa europeia, isso foi uma "retaliação" pelos atos que cometeram no estádio, as autoridades tratam isso como antissemitismo.
Segundo Peter Holla, chefe da polícia de Amsterdã, os torcedores da equipe israelense atacaram um táxi e atearam fogo em bandeira palestina na quarta-feira, um dia antes da partida. Após a disputa, na noite de quinta-feira (8) e na madrugada desta sexta-feira (9), torcedores do Maccabi foram "emboscados e atacados" na saída do estádio, disse a embaixada de Israel nos Estados Unidos.
Femke Halsema, prefeita da capital holandesa, explicou que os torcedores israelenses foram atacados por gangues em motocicletas, que agrediram e fugiram do local. Ela disse que a cidade foi "profundamente machucada" e que se sentiu envergonhada pelo episódio.
Líderes dos dois países se posicionam
Benjamin Netanyahu, primeiro ministro de Israel, classificou o ocorrido como sendo um "ataque antissemita premeditado" e anunciou que seu governo irá despachar dois aviões para o país.
O premiê holandês, Dick Schoof, classificou os ataques antissemitas contra os torcedores israelenses como "inaceitáveis" e disse que está em contato com Netanyahu, primeiro-ministro israelense.
Posicionamento dos clubes
O Ajax é um clube que tem fortes raízes com a comunidade judaica holandesa, sendo alvo de manifestações antissemitas do Feyenoord, maior rival. O clube também tem uma grande torcida árabe, por conta de sua posição antirracista e pró-imigração na Holanda.
A equipe da capital holandesa disse que ficou horrorizada com os acontecimentos e que tomará conhecimento sobre o que aconteceu. Fora isso, ainda condenou a violência.
-Após uma partida com boa atmosfera em nosso estádio—pela qual agradecemos todas as partes envolvidas pela boa cooperação—ficamos horrorizados ao tomar conhecimento do que aconteceu no centro de Amsterdã. Condenamos fortemente essa violência - declarou a equipe por meio de um comunicado.
Por outro lado, o Maccabi disse que estava em contato com os Ministérios das Relações Exteriores e Cultura e Esportes israelenses para coordenar o retorno dos torcedores para o país.
