MP não vê prova contra torcedor acusado de matar palmeirense e pede sua liberdade

Pedido para que Leonardo Santiago seja solto foi acolhido na tarde desta quarta; torcedor foi indiciado por homicídio doloso

12 jul 2023 - 11h45
(atualizado às 15h36)

O Ministério Público de São Paulo não encontrou provas para manter preso o torcedor flamenguista Leonardo Felipe Xavier Santiago, de 26 anos, acusado de matar a palmeirense Gabriela Anelli, e pediu sua liberdade nesta quarta-feira. O MP alega "fragilidade de prova". Preso desde a segunda-feira, quando a menina morreu, e indiciado por homicídio doloso, Leonardo Santiago responderá as investigações em liberdade, após juíza Marcela Raia de Sant'Anna, da 5ª Vara do Júri de São Paulo, acolher a solicitação do MP.

SP 10/07/2023 ESPORTE / FUTEBOL / TORCEDORA DO PALMEIRAS MORTA - A palmeirense Gabriela Anelli, de 23 anos, morreu depois de ser ferida durante uma briga entre torcedores do lado de fora do Allianz Parque, no sábado, na partida com o Flamengo. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, ela foi atingida por uma garrafada no pescoço e levada em estado grave no Hospital Santa Casa, no centro de São Paulo, mas não resistiu aos ferimentos. O irmão de Gabriela, Felipe Anelli, confirmou a morte da palm
SP 10/07/2023 ESPORTE / FUTEBOL / TORCEDORA DO PALMEIRAS MORTA - A palmeirense Gabriela Anelli, de 23 anos, morreu depois de ser ferida durante uma briga entre torcedores do lado de fora do Allianz Parque, no sábado, na partida com o Flamengo. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, ela foi atingida por uma garrafada no pescoço e levada em estado grave no Hospital Santa Casa, no centro de São Paulo, mas não resistiu aos ferimentos. O irmão de Gabriela, Felipe Anelli, confirmou a morte da palm
Foto: Reprodução/Instagram / Estadão

Ele foi acusado de atirar uma garrafa na direção da torcida palmeirense antes do jogo contra o Flamengo, no sábado. O objeto cortou seu pescoço, ela ficou internada por dois dias e morreu na segunda-feira. De acordo com o MP e o promotor Rogério Leão Zagallo, as provas da investigação não indicam que o torcedor teria sido o responsável por atirar a garrafa que resultou na morte de Gabriela. Ao Estadão, o advogado Renan Bohus, responsável pela defesa de Santiago, cita que a manifestação ocorre após um entendimento do órgão sobre a "fragilidade das provas".

"Além da inexistência da confissão anunciada pelo Delegado de Polícia César Saad, as imagens que aportaram nesta Promotoria de Justiça evidenciam a necessidade de que a investigação prossiga", afirma a decisão do promotor. "Ficou mais do que provado que tinham outras pessoas 'tacando' garrafa. Uma destas pessoas, inclusive, tinha barba. E o Leonardo Santiago não tem barba. Isso é possível ver no vídeos", explica o advogado à reportagem. "O MP entende que é possível identificar a identidade dessas pessoas (que arremessaram os objetos) para, enfim, pedir a prisão preventiva."

O pedido da MP será analisado ainda nesta quarta-feira pelo juiz do caso. O promotor fez críticas à atuação do delegado César Saad, que chegou a declarar que o torcedor do Flamengo assumiu ter atirado a garrafa que matou Gabriela Anelli. Em vídeos, obtidos pelo MP, um dos suspeitos pela morte da torcedora usava uma blusa de cor cinza; Santiago foi preso com uma camisa do Flamengo.

Ao afirmar que Santiago teria admitido que atirou a garrafa na direção da torcida palmeirense, além de ser uma "inverdade", o MP destaca a "inexistência da confissão" no depoimento do torcedor preso. "Esse fato praticado por uma autoridade pública é assaz grave e censurável, pois, além de tipificar uma falácia, tem o poder de gerar falsas expectativas nos familiares de Gabriela, fazendo-os acreditar que a pessoa que assassinou o ente querido teria admitido o erro cometido e que sua justa e correta punição não tardará a materializar-se", ressalta.

Ao passar o caso para o DHPP, a promotoria destaca a "postura estranha" de Saad perante a imprensa como justificativa para essa mudança. Anteriormente, o Drade era responsável pela condução da investigação.

O caso

O crime aconteceu por volta das 17h45 do último sábado, dia 8, mais de três horas antes do início do jogo entre Palmeiras e Flamengo, na rua Padre Antônio Tomás, entre os portões C e D - o D é o que dá acesso aos torcedores visitantes. Havia uma proteção de metal para separar os flamenguistas dos palmeirenses, mas ela não foi suficiente para evitar a morte da torcedora. Uma outra pessoa também foi ferida pelos estilhaços de vidro.

Gabriela foi socorrida no posto de atendimento do Allianz. Ao ser constatada a gravidade dos ferimentos, ela foi encaminhada à Santa Casa, onde ficou internada e passou por cirurgia. A palmeirense teve duas paradas cardiorrespiratórias, ficou em coma induzido e morreu na madrugada de segunda-feira.

O corpo de Gabriela Anelli Marchiano foi velado e enterrado nesta terça-feira, dia 11. O velório no cemitério Memorial Parque Paulista, em Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo, começou às 6h e o corpo foi sepultado perto das 13h. A primeira parte da cerimônia foi reservada a amigos e familiares. Houve homenagens da Mancha Alvi Verde e o hino do Palmeiras foi entoado pelos presentes.

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