Adversários na final do Mundial de Clubes da Fifa neste sábado, Chelsea e Palmeiras têm em comum a presença feminina nas administrações dos clubes. Leila Pereira é a presidente e patrocinadora do time alviverde, enquanto a russa Marina Granovskaia ocupa o cargo de diretora da equipe londrina. As duas têm papel importante no sucesso das gestões dos clubes.
Leila Pereira, de 57 anos, é muito conhecida no futebol brasileiro. Dona das empresas que patrocinam o Palmeiras desde 2015, a Crefisa e a FAM, a empresária primeiro se tornou conselheira, foi reeleita, e depois, em dezembro passado, ganhou com folga o pleito presidencial. Passou, então, a ser a primeira mulher a comandar o clube em seus 107 anos de história. "Estou aqui para manter e melhorar o que vinha sendo feito. Esse é meu desafio e minha obrigação", resume Leila em uma conversa com jornalistas no luxuoso hotel onde está hospedada a delegação palmeirense em Abu Dabi.
Carioca natural da pequena Cambuci, a presidente do Palmeiras é ambiciosa, vaidosa e já investiu mais de R$ 1 bilhão com patrocínio na equipe. Ela faz questão de se fazer presente no dia a dia do clube e é ativa nas redes sociais, nas quais interage com os torcedores, mas também os bloqueia em caso de críticas que julga ser descabidas.
A empresária acompanha a delegação em Abu Dabi, para onde viajou com seu jatinho particular. Ela tira foto com torcedores no lobby do hotel, dá entrevistas, conversa com a comissão técnica e com os atletas e gosta de estar em evidência. Hábil na retórica, fala com frequência que sua prioridade é manter o Palmeiras no topo.
"Eu fui eleita para, realmente, administrar o clube profissionalmente. É isso que estamos fazendo. É difícil, são barreiras que temos de quebrar, mas estou preparada para isso", diz Leila, para quem não há comparação entre os modelos de gestão dos dois finalistas do Mundial.
"São modelos totalmente diferentes, o Palmeiras não tem dono, mas podemos administrá-lo profissionalmente, como estamos fazendo", opina, ao lembrar que o clube é uma associação sem fins lucrativos, não uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol). "O Palmeiras é modelo de administração do futebol brasileiro, até da América do Sul", orgulha-se.
Leila tomou posse em 15 de dezembro do ano passado. Em menos de dois meses no cargo, foi exaltada, criticada pela ausência de um camisa 9 no time, e agora tem a chance de conquistar o primeiro título de sua gestão no profissional (ganhou a Copinha). "Sei que receberei críticas, mas não tenho problema nenhum com críticas. Quando você sabe o que quer, você segue a linha, vai em frente, se tiver de fazer desvio na rota, a gente desvia, mas segue com a nossa convicção", ressalta.
"É uma honra muito grande estar aqui, no topo do futebol mundial, lutando, pleiteando uma conquista tão importante para todos nós. Sempre trabalhando forte, com os pés no chão, humildade, seriedade, para que possamos a cada dia estarmos cada vez melhores", diz a mandatária palmeirense.
'Dama de ferro'
Marina Granovskaia tem 47 anos. Ela é diretora do Chelsea desde 2013. Passou a ocupar o cargo depois de dez anos como assistente de Roman Abramovich, magnata russo dono do clube inglês. A executiva russa-canadense é a principal responsável pelas transações e contratos dos jogadores. Na ausência de Abramovich, é ela quem dá as cartas na agremiação inglesa.
Ele confia sua fortuna à diretora, hábil nas negociações e capaz de contratar alguns dos melhores jogadores do mundo. Nenhuma decisão importante no Chelsea é tomada sem o seu consentimento. Ao contrário da mandatária palmeirense, Marina age com discrição e raramente aparece em público.
Abramovich investe seus milhões de dólares nas transações de atletas, mas Granovskaia é o cérebro dos negócios, isso na compra e na venda dos jogadores. Foi ela que conduziu a maior venda da história do Chelsea, a transferência do belga Eden Hazard para o Real Madrid por 100 milhões de euros, mais bônus não revelados, e a aquisição de Lukaku, comprado da Inter de Milão no ano passado em uma transação recorde no futebol italiano que envolveu 115 milhões de libras (R$ 700 milhões à epoca).
Foi a russa também que intermediou o acordo de patrocínio do Chelsea com a Nike, que paga 60 milhões de libras (R$ 427 milhões) por ano para o clube até 2032 e que cuida da saúde financeira do clube. Marina é chamada na Inglaterra de "Dama de Ferro", uma alusão à Margaret Thatcher, primeira-ministra inglesa entre 1979 e 1990, que comandou o país por 11 anos com pulso firme.
Marina é considerada uma das melhores diretoras de clubes do futebol mundial. Em 2018, a revista Forbes a classificou como número 5 em sua lista de "mulheres mais poderosas nos esportes internacionais." Em dezembro do ano passado, a executiva, que tem nacionalidade canadense, foi eleita a melhor diretora de um clube europeu de futebol no Golden Boy Awards, premiação realizada pelo jornal italiano Tuttosport.