Contente com a renúncia de Joseph Blatter à presidência da Fifa, o senador Romário (PSB-RJ) decidiu nesta terça-feira relativizar as críticas a Pelé e incluir o ex-jogador em uma "frente de ídolos" que pretende criar. O parlamentar pretende reunir ex-futebolistas para discutir uma forma de repaginar o esporte, afetado por denúncias de corrupção.
A ideia de Romário é reunir ex-jogadores a partir da geração de Pelé, como Tostão, Gérson e Carlos Alberto Torres. Também estão na lista Zico, Falcão, Toninho Cerezo, Raí, Leonardo, Bebeto, Branco, Ricardo Rocha, Cafu, Ronaldo, Rivaldo e Roberto Carlos. "Acredito que juntos, em um papo, cada um dando suas ideias, vamos sair com ideias novas para o futebol", disse o senador.
Apesar de ter considerado "infeliz" o elogio de Pelé à reeleição de Joseph Blatter, Romário reconheceu que o ex-jogador poderia contribuir.
"O Pelé mais uma vez foi muito infeliz na sua colocação, porque o Pelé está indo na contramão do que o Brasil e o mundo querem para o futebol. Uma pessoa de sã consciência que fala que o Blatter é o melhor pela sua experiência... alguma coisa está acontecendo. O ideal seria perguntar para ele agora", alfinetou o senador.
"Mas o Pelé, por exemplo, por mais que ele tenha dito coisas que a gente não concorda, será uma pessoa que eu terei o prazer de convidar para participar dessa reunião. Por mais que tenha seus defeitos, seus problemas, ele é o grande nome do futebol mundial. Ele poderia ajudar muito nessa mudança".
Ataques à CBF
Em entrevista no Senado, Romário voltou a comemorar a renúncia de Blatter, a quem se refere como corrupto, e disse esperar um efeito cascata. O articulador da CPI da CBF no Senado disse que uma renúncia do presidente da confederação, Marco Polo Del Nero, mudaria o futebol para outra fase.
"Ele é o câncer do nosso futebol, ele faz mal ao nosso futebol, ele não tem interesse que o nosso futebol saia desse momento ruim. O que ele faz é se enriquecer ilicitamente, roubar, e deixar a responsabilidade com outras pessoas, que, no caso, algumas dessas responsabilidades seriam dele", atacou.
Em meio aos ataques à CBF, o parlamentar acusou os dirigentes de direcionar as convocações para a Seleção Olímpica de acordo com a proximidade com empresários. "Foi convocada agora a Seleção Sub-21, que em princípio será a seleção da Olimpíada. Na minha opinião, o melhor jogador do Brasil se chama Gérson, do Fluminense, e ele não foi convocado. Porque o procurador dele não faz parte desse grupinho de empresários que o Gilmar comanda, então não tem interesse em convocar o jogador. Esse é o nosso futebol hoje, infelizmente", disse.
Romário também defendeu a criação de uma comissão de parlamentares para conversar com a Fifa e tentar a liberação da formação de uma liga no Brasil, enquanto corre a investigação sobre nomes envolvendo a CBF. "Acho que seria justo tentar, para que a Fifa desse uma licença que essa liga seja feita até a CBF se resolver definitivamente. Se eu fosse amigo do pessoal da Fifa, eu iria lá, mas infelizmente eles não podem nem me ver".