O ex-jogador Ronaldinho Gaúcho deixou de comparecer, pela segunda vez, a depoimento na CPI das Pirâmides Financeiras e a comissão parlamentar quer forçá-lo a comparecer por condução coercitiva. A condução é medida prevista na legislação penal e permite que autoridades conduzam a pessoa, sob escolta policial, para obrigar seu comparecimento na audiência marcada.
A medida coercitiva foi anunciada pelo presidente da CPI, deputado Aureo Ribeiro (PSD-SP). "Tivemos voos que pousaram em Brasília ontem à noite e na manhã desta quarta-feira. Ainda que não tivesse o voo, por que não se antecipou?", disse o relator da CPI, deputado Ricardo Silva (PSD-SP).
Ronaldinho alegou que um temporal em Porto Alegre nesta quarta-feira, 23, o impossibilitou de pegar um voo para Brasília. Compareceu apenas o irmão do ex-atleta, Roberto de Assis Moreira, que é também seu empresário. Ronaldinho daria depoimento ao lado dele e do empresário Marcelo Lara.
O ex-atleta recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo para não participar de depoimento. O ministro Edson Fachin negou, mas garantiu que ele pudesse ficar em silêncio. Ronaldinho alega que foi vítima porque sua imagem foi usada sem sua autorização.
Lara, ao lado de Ronaldinho, teria criado o site "18k Ronaldinho", que, segundo o requerimento do relator é "alvo de investigações por suspeita de fraudes e pirâmide financeira com investimentos em criptomoedas". Lara sequer foi localizado para ser notificado pelo colegiado e, segundo Aureo Ribeiro, pode estar fora do País.
"Não sou e não somos sócios de 18k Ronaldinho. Meu irmão foi vítima e dos seus sócios, que usaram o nome. Eu e meu irmão jamais participamos", disse Assis, em depoimento à CPI. A empresa é uma sociedade de Marcelo Lara e Rhafael Horacio Nunes de Oliveira.
A resposta de Assis aos questionamentos sobre a 18k Ronaldinho foi a mesma: "Não respondo pela 18k Ronaldinho". O relator e o presidente da CPI disseram que o advogado, Sérgio Queiroz, estava instruindo todas as respostas dadas pelo empresário e irmão de Ronaldinho.
Queiroz defendeu que estava sob a prerrogativa de advogado e está amparado sob o habeas corpus do STF para poder falar livremente com Assis.
Há consenso entre os integrantes da CPI para que o pedido de condução coercitiva prossiga. Nesta quarta-feira, 23, a CPI aprovou a quebra de sigilo bancário da apresentadora Tatá Werneck, do ator Cauã Reymond e do jornalista Marcelo Tas.