Em nota oficial publicada na noite desta quarta-feira, o Sport Recife decretou luto oficial de três dias pelo escritor Ariano Suassuna, morto aos 87 anos por complicações de um acidente vascular cerebral (AVC), em Recife. Além disto, haverá uma homenagem especial ao torcedor ilustre do clube na quinta-feira, no duelo entre Sport e Paysandu, às 19h30 (de Brasília), na Ilha do Retiro, pela Copa do Brasil.
Ao menos no site do clube, as homenagens a Ariano Suassuna já iniciaram. Na home, o escritor aparece em uma foto trajando a camisa do Sport Recife, tendo ao lado sua célebre frase: "eles não sabem o que é felicidade, porque felicidade é torcer pelo Sport".
Em nota oficial intitulada "Vai em paz, Ariano!", o clube relembra momentos do escritor na Ilha do Retiro, como o título na edição de 2008 da Copa do Brasil, são lembrados.
"E por falar na competição nacional, o presidente João Humberto Martorelli relembra o título de 2008, associando-o ao semblante de confiança que encontrou no "mestre", antes da final diante do Corinthians. "Quando cheguei e vi o brilho nos olhos dele (Ariano), tive certeza do título". Dito e feito. O mandatário considera que o torcedor símbolo sempre representou "uma divindade para o clube".
Além de relembrar a "obra vigorosa, porém leve em sua personalidade" deixada por Ariano Suassuna, o clube garantiu:
"o 'mestre' está eternizado nas arquibancadas do estádio e no manto sagrado. Na manga do uniforme lançado em 2013, vinha estampada a marca de Ariano, com a seguinte frase, em letra armorial: 'felicidade é torcer pelo Sport'. E tem mais. Ao apresentar quadro próprio num telejornal pernambucano, ele costumava testar o microfone com os seguintes dizeres: 'viva o povo brasileiro. Viva o glorioso Sport Club do Recife'. Foram provas concretas de que a ligação entre ele e o Leão era estreita e circundada por sentimentos. Ele e o Leão se confundiam. Ou melhor, confundem-se. Pois continuam unidos pelo respeito que transcende barreiras físicas".
"Eles não sabem o que é felicidade, porque felicidade é torcer pelo Sport." - Ariano Suassuna (1927-2014).
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— Sport Club do Recife (@sportrecife)
July 23, 2014
Nascido em João Pessoa (PB), Ariano Suassuna passou a infância no interior paraibano e, mais tarde, mudou-se para Recife. Na capital pernambucana, idealizou o Movimento Armorial, no qual mesclava a arte erudita com a cultura do Nordeste brasileira, e criou suas grandes obras, como as peças "O Auto da Compadecida", "O santo e a porca", "Farsa da boa preguiça" e "A pena e a lei".
Em Recife, Ariano também conheceu sua paixão pelo Sport Recife, curiosamente graças à ajuda de um torcedor ilustre do arquirrival Santa Cruz - o compositor Capiba, que o levou ao estádio pela primeira vez:
"Eu assisti ao lado do meu amigo Capiba ao Sport ser campeão de 1938", relembrou, em entrevista ao canal Sportv.
Invariavelmente trajando vermelho e preto - denominado por ele de "traje Sport Fino" - o ocupante da cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras (ABL) falou sobre a homenagem que recebeu nos uniformes do rubro-negro pernambucano.
"Foi um gesto muito significativo do meu clube a mim. Muito significativo porque agora eu vá ou não a campo, estarei presente", disse à época o escritor.