Suspensão de Paquetá é chance para Dorival Jr. corrigir seus erros na seleção brasileira

Time pentacampeão mundial não deveria relegar o craque do time ao papel de coadjuvante e tampouco contar com atletas que demonstram desinteresse em vestir a camisa ou envolvidos em sérias investigações

12 out 2024 - 17h50
(atualizado às 22h20)
Lucas Paquetá em treino da Seleção Brasileira
Lucas Paquetá em treino da Seleção Brasileira
Foto: Reuters/Carla Carniel

Após receber o segundo cartão amarelo nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026, o meia Lucas Paquetá não poderá atuar diante do Peru na próxima terça-feira, às 21h45 (de Brasília), na Arena BRB Mané Garrincha. Tal situação pode ser muito útil ao técnico Dorival Júnior para que o comandante da seleção brasileira se mostre descompromissado com os erros cometidos até aqui e disposto a corrigi-los a tempo de salvar seu emprego e dar ao País a classificação para outro Mundial.

Na vitória nada convincente sobre o Chile, em Santiago, por 2 a 1, Dorival armou a seleção brasileira com Lucas Paquetá em uma posição mais recuada, ao lado de André, como uma dupla de volantes. No entanto, novamente o meio-campo inoperante custou o sossego da equipe brasileira, que precisou buscar a virada para sair de campo com os três pontos diante do pior conjunto das Eliminatórias.

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Para o jogo diante da seleção peruana, Dorival convocou o meia Matheus Pereira, que vem fazendo boa temporada com a camisa do Cruzeiro. Trata-se de um atleta que atua em posição mais ofensiva, mas que não deve ganhar muitos minutos no gramado da capital federal. Lucas Paquetá, Bruno Guimarães e André já mostraram que não conseguem ajudar o meio-campo do Brasil a criar lances e facilitar a vida dos atacantes na busca por gols.

Além disso, Paquetá é acusado de envolvimento em esquema de aposta esportiva, em que recebia cartões amarelos para ajudar parentes a ganhar dinheiro em sites de bets. Luiz Henrique, hoje no Botafogo e à serviço da seleção, também é apontado como participante no esquema enquanto era atleta do Betis, da Espanha. Ambos negam as acusações.

Paquetá está sendo investigado pela Associação de Futebol da Inglaterra (FA, na sigla em inglês) por má conduta em quatro jogos do West Ham, no Campeonato Inglês, entre 2022 e 2023. Ele pode ser banido do futebol em breve caso se comprovem as denúncias. O jogador foi convocado nesta semana pelo Senado Federal para prestar depoimento junto à CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas. O tio do atleta, Bruno Tolentino, também foi chamado.

Durante sua passagem pela seleção brasileira, Fernando Diniz não convocou Lucas Paquetá diante das acusações. O caminho, porém, não foi seguido por Dorival, que conta sempre com o atleta e adicionou Luiz Henrique também às suas listas. Seria de bom tom que o treinador repetisse o padrão de seu antecessor neste caso.

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Os peruanos não são afeitos a ficar com a bola, e o cenário de posse de bola absoluta com a seleção brasileira deve se repetir. Cabe ao treinador e aos atletas mudar a postura, abrir mão dos passes para o lado e jogar de forma ofensiva, vertical e objetiva. Mesmo se isso não acontecer, o Brasil deve sair de campo com a vitória - dada a debilidade do adversário -, mas essa partida se torna a melhor oportunidade para Dorival reconhecer seus erros, mudar a escalação e a forma de jogar e sinalizar aos dirigentes da CBF e à torcida que ainda pode ser o treinador da seleção na Copa de 2026.

Seleção empobrecida não tem o mesmo respeito dos atletas

Durante coletiva de imprensa neste sábado, o atacante Gabriel Martinelli ousou comparar a seleção brasileira com seu clube, o Arsenal, da Inglaterra. "Uma coisa que temos muito no Arsenal é que temos de ganhar em qualquer contexto. Aqui na seleção não é diferente. Claro que queremos jogar bem e mostrar um bom futebol para os torcedores e trabalhamos para que isso aconteça, mas temos de ganhar as partidas, que é o mais importante", afirmou.

O jogador cometeu um deslize duplo em sua afirmação. O primeiro deles é sintomático para uma seleção que abusa da convocação de atletas desacostumados a lutar e conquistar títulos. Comparar a seleção cinco vezes campeã mundial a um time que não ganha a Premier League há 20 anos e jamais conquistou um título continental é um disparate. A segunda incongruência diz respeito ao pensamento de que basta a vitória, de qualquer forma, jogando bem ou mal. Na seleção brasileira, só vencer não basta, senão estaríamos todos sorridentes com a soberania da equipe nas Eliminatórias passadas. Ganhar do Chile jogando mal é um péssimo sinal. Repetir a estratégia contra o Peru será ainda pior.

Outro desatino repetido nesta Data Fifa saiu da boca de uma das figuras mais destacáveis desta temporada. Savinho, que trocou a filial Girona pela matriz Manchester no Grupo City, disse, em meio a risadas, que não assistiu aos jogos mais recentes do Brasil... "Desculpa que eu não vi o jogo, era muito tarde lá na Inglaterra", afirmou. Obra de puro desinteresse, afinal na Inglaterra - como em qualquer lugar do mundo - há internet e tecnologia para gravar e assistir a jogos fora do horário original de exibição. Enquanto atletas que não compreendem a dimensão de vestir a camisa da seleção continuarem na lista de convocados, não se deve criar expectativas sobre o time nacional.

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